terça-feira, 4 de outubro de 2011
DEUSES E DEUSAS ROMANOS
Apolo (Apollo-onis)- uma das divindades da mitologia grega e romana . Era o deus do sol, do pensamento e da meditação. Por ser muito belo, a mitologia atribuiu-lhe aventuras amorosas. Era especialmente venerado em Delfos, onde pronunciava oráculos pela boca de Pítia ou Pitonisa.
Baco (Bacchus-i)- filho bastardo de Júpiter e de Sémele. Esta morreu incendiada, antes de ele nascer, quando Júpiter lhe mostrou todo o seu fulgor; o pai conseguiu salvar o filho, recolhendo-o na sua própria coxa, donde veio à luz. Nasceu em Tebas, na Grécia, mas o pai, para o esconder das vista de Juno, esposa de Júpiter, mandou-o criar por ninfas num vale de delícias chamado Nisa. Ensinou os homens a fabricar vinho e é o inspirador dos excessos de êxtase e violência. Fazia-se acompanhar de um cortejo de Bacantes e usava como bastão uma vara enramada com folhas de parra, cachos de uvas e uma pinha na ponta: o "tirso" .
Era também representado com hastes na cabeça.
Conquistou a Índia e era adorado no Oriente.
Ceres (Ceres-eris)- deusa romana da fertilidade da terra, nomeadamente dos cereais . Era o equivalente da deusa grega Démeter ;era a deusas dos cereais, das searas ,do campo ,da agricultura .
Ceres – a deusa da agricultura
Cupido (Cupido-inis)- o deus romano do amor, considerado filho de Vénus. Era o equivalente ao deus grego Eros. Personificação do amor; tinha a pretensão de ser bonito, o que fazia dele uma personagem ridícula.
Fauno (Faunus-i)- divindade itálica que velava pela fertilidade dos campos e pela fecundidade dos rebanhos. Gostava de perseguir as ninfas . Em honra de Fauno (Pã para os gregos) celebravam-se em Roma as Lupercais . Fauno deu origem aos faunos, ou divindades menores que presidiam aos trabalhos rurais; tinham corpo de homem coberto de pêlos de bode e com patas e chifres do mesmo .
Flora (Flora-ae)- Flora á uma potência da natureza que faz florir as árvores e preside "a tudo que floresce". A lenda pretende que Flora foi introduzida em Roma (tal como Fides) por Tito Tácio, juntamente com as outra divindades sabina. Era honrada quer por populações itálicas não latinas como por latinas. Alguns populações tinham lhe consagrado um mês, Abril do calendário romano.
Ovídio relaciona com o nome de Flora um mito helénico supondo que na realidade ela era uma ninfa grega denominada Clóris. Num dia de Primavera em que Flora errava pelos campos, o deus do vento, Zefiro, viu-_a, apaixonou-se por ela e raptou-a. Desposou-a em seguida, num casamento público.
Zéfiro concedera Flora como recompensa e por amor o reina sobre as flores, não só sobre as dos jardins , também sobre as dos campos cultivados. O mel é considerado como um dos presentes que Flora deu aos homens, tal como as sementes das inumeráveis variedades de flores. Ao narrar esta lenda, de que é talvez o inventor, Ovídio refere explicitamente o rapto de Oríntia por Boreias. Este rapto é, sem dúvida ,o seu modelo, mas acrescenta-lhe um episódio singular ; é Flora quem está na origem do nascimento de Marte. Juno, irritada com o nascimento de Minerva ,saída espontaneamente da cabeça de Júpiter, quis conceber sem o auxílio de um elemento masculino. Dirigiu-se a Flora que lhe deu uma flor cujo simples contacto era suficiente para fecundar um mulher. Foi assim que Juno, sem se unir a Júpiter deu à luz o deus cujo nome é o do primeiro mês da Primavera ,Março.
Celebravam-se em sua honra as floralia, caracterizadas por jogos em que participavam as cortesãs.
Fortuna (Fortuna, ae) – deusa que distribui a felicidade e a desgraça . Mais de que Fors, a Fortuna foi respeitada na religião romana da época clássica. Era identificada com a Tique grega. Era representada com o corno da abundância, (porque é ela que "pilota" a vida dos homens) , umas vezes sentada outras de pé, quase sempre cega. Atribui-se a introdução do culto a Sérvio Túlio, o rei que ,mais do que qualquer outro, foi favorito de Fortuna. Contava-se até que a tinha amado, embora fosse apenas um mortal, e que costumava entrar em sua casa por uma janela pequena. Encontrava-se uma estátua de Sérvio no templo desta deusa.
A deusa Fortuna era invocada sob muitos nomes distintos : Redux (para pedir o regresso de uma viagem), Publica, Huiusce Diei (a fortuna particular do dia seguinte),etc. Sob o império , cada imperador tinha a sua Fortuna.
Jano (Iano-i)- deus romano que tinha duas caras, simbolizando o conhecimento do passado e do futuro. Era o protector de todo o assunto concreto e abstracto: das portas (Janue) das casas, do começo do dia, do mês, do ano, daí que o primeiro mês se chame Janeiro (januarius).
Juno (Iuno-onis)- Era uma deusa romana e estava ligada à Hera grega. Era filha de Saturno e de Reia (rainha do céu, deus da luz) que toma a forma do ciclo da lua. Esta deusa era esposa do seu irmão Júpiter.
Juno representa a mulher e as suas características, tais como o casamento, a gravidez e o parto, protegendo também as que ocupavam altos cargos administrativos e que não era casadas. Juno acaba por arcar todas as características da Juno Caprotina (deusa da fecundidade), da Juno Pronúbia (deusa do casamento) e da Juno Moneta ( boa conselheira). Era celebrada em sua honra a festa das Matronalia, no dia 1 de Março. Esta ocasião simboliza o papel da mulher na sociedade. Juno tinha a função de soberania e de representar a mulher no povo romano.
Júpiter (lupiter-Iouis)- deus supremo do panteão romano (seu equivalente em grego era Zeus), filho de Saturno e Reia, irmão e esposo de Juno; senhor dos deuses e do Universo, era o deus do céu, da luz, do tempo, do Universo, e do trovão.
Protector supremo do estado , reinava em Roma no Capitólio, que lhe era consagrado.
Marte (Mars-tis)- divindade romana, correspondente ao deus grego Ares. Da sua ligação ocasional com Reia, nasceram os gémeos Rómulo e Remo, fundadores de Roma. Era venerado como o deus da Primavera, daí o nome do mês de Março, sendo por isso o protector da natureza e da agricultura, bem como da guerra. Também foi o eterno apaixonado de Vénus.
Mercúrio( Mercurius-i)- divindade romana, equivalente ao grego Hermes. Era filho de Júpiter e de Maia, nasceu em Cilene, monte de Arcádia. Os seus atributos incluem uma bolsa , umas sandálias e um capacete com asas ,uma varinha de condão e o caduceu. Rápido como o pensamento ,levava as mensagens de Júpiter.
É o deus da eloquência , do comércio , dos viajantes e dos ladrões.
Minerva (Minerua-ae)- Minerva é a deusa romana identificada com a Atena helénica, juntamente com Júpiter e Juno constitui a Tríade capitolina. Era a protectora de Roma, e principalmente a defensora dos artesãos e do trabalho manual e às vezes, também dos médicos. Tornou-se também símbolo do conhecimento e da sabedoria, devido a ser identificada com a Atena helénica.
Eram-lhe consagrados, como a Atena, o macho, a coruja e a oliveira, é também apresentada com capacete e armadura. Esta deusa não pertence ás divindades mais antigas do panteão latino. Um dos seus mais antigos templos situava-se no monte Célio, a colina onde se dizia antigamente o incerto etrusco que vinha em ajuda de Romúlo , sob as ordens de Caele Vibenna se fixara. Esse templo tinha o nome de Minerva Capta (Minerva cativa). Talvez tivesse sido construído para hospedar uma Minerva tomada em Falérios, no desenrolar da conquista da cidade pelos romanos. A tradição referia Minerva com uma das divindades postas em Roma por Numa.
Nos Ceuinquátrias, a 19 de Março celebrava-se a festa de Minerva. As escolas nesse dia faziam feriado. No Esquilino, havia uma capela dedicada a Minerva Curadora , onde foram encontrados documentos que provam que o culto permanecia vivo durante o império; não existe qualquer lenda especificamente romana ,onde Minerva intervenha.
Neptuno (Neptunus-i)- Equivalente ao grego Posídon, é o deus romano das águas e dos mares . É filho de Saturno (tempo) e de Reia , irmão de Júpiter e Plutão. Habita um palácio de ouro no fundo do mar. Tem por esposa Salácia, assimiladas ás gregas Anfitrite e Tétis. Representam-no os antigos com um tridente na mão, sobre um coche puxado por cavalos-marinhos; é o deus do mar.
Ninfas (nympha-ae) - Divindades da natureza. As ninfas personificam as forças da natureza, as montanhas, as planícies, as árvores, as fontes e os rios. De acordo com os lugares que habitavam tinham designações próprias: nas águas imperavam as Naiades, as Nereidas e as Oceânides; nas montanhas e grutas as Oréadas, etc. representadas como donzelas seminuas, o seu culto era dos mais difundidos entre os gregos e romanos.
Palas (Pallas-adis)- nasceu da cabeça de Júpiter e vinha armada cabeça aos pés. É uma deusa guerreira. È representada por uma coruja e uma oliveira.
Pandora (Pandora-ae)- Pandora é referida num mito hesíodo como sendo a primeira mulher. Foi criada por Hefesto e por Atena devido a uma ordem de Zeus. Cada deus atribuir-lhe um dom, menos Hermes, que lhe atribuiu a mentira e a astúcia. O objectivo era criar o ser humano mais perfeito à face da Terra.
Epimeteu, seduzido por Pandora, pede-a em casamento, e esta aceita, embora tivesse sido aconselhada de recusar qualquer presente dos deuses.
Na casa onde foi viver ,existia uma jarra fechada, na qual era-lhe proibido tocar. Pandora não resistiu e abriu a jarra e de lá saíram todos os males humanos e espalharam-se por toda a Terra. Quando ela fechou a jarra, só a esperança ficou lá dentro. Além desta versão, ainda há outra que nos diz que na jarra estavam fechados todos os bens humanos e quando aberta, estes perderam-se . Assim Pandora fica responsável por todas as desgraça.
Parcas ( Parcas-ae)- as parcas eram divindades que representavam o poder do destino na religião romana. Eram chamada por antífrase "aquelas que poupam" precisamente porque não poupam ninguém. Têm as mesmas características que as Moiras cegas. São conhecidas como demónios , nelas são distinguidas as três irmãs fiandeiras , que tecem a vida dos homens sem piedade. A primeira representa o nascimento, a segunda representa o casamento e a terceira a morte.
No Fórum e nos guias turísticos encontram-se as três estátuas designadas por "Tria Fata", "Os três destinos" ou "três fadas".
Por estarem ligadas à morte pertencem assim, a todos os tempos, por isso encontramo-las representadas em todas as épocas: Saltati, "As três Parcas", século XVI; Rubbens, "As Parcas fiando o destino da Maria de Médicis", século XVIII .
Em escultura, grupo em mármore de Gremain Pilon, ca .1560, museu de Cluny.
Plutão (Pluto-onis)- Na mitologia grega era denominação ritual e eufemística de Hades. Rei dos infernos e deus dos mortos o termo Plutão deriva de Pluto (riqueza), em razão de a terra ser a fonte as riquezas e o subsolo o guarda dos metais preciosos.
Pomona (Pomona-ae) – deusa dos pomares e dos frutos; O Outono.
Prosérpina (Proserpina-ae)- Prosérpina, é a deusa dos infernos em Roma, o que combina com o seu caracter infernal. Primeiramente foi, uma deusa agrária que defendia a germinação das plantas. O seu culto foi oficialmente implantado juntamente com o de Dis Pater, em 249 a . c. . Em sua honra celebram-se os jogos "Jogos Tarentinos".
"Jogos Tarentinos" é este o nome não porque tenha qualquer relação com a cidade de Tarento, mas sim a partir do nome de um local situado no campo de Marte chamado por Tarentum.
Psique (Psyche-es)- Psique simboliza a "alma" em grego. Esta deusa simboliza o destino da alma humana, dividida entre o amor terrestre e o amor divino.
Psique era filha de um rei tinha duas irmãs. Todas eram possuidoras de uma grande beleza,mas ela, não tinha par. Haviam pessoas que vinham de longe só para a admirar. Psique era tão bela que despertava o ciúme de Vénus. Esta ficou tão irritada por ver os seus altares abandonados, que ordenou ao seu filho Cupido que "a vingasse". Assim ,quando as irmãs já estivessem casadas, Psique ainda continuaria solteira . O seu pai já desesperado ,sem saber com quem casá-la, foi falar com o oráculo de Apolo. E este disse-lhe para vestir a sua filha de trajes nupciais e levá-la ao alto de um monte, que ela esperaria pelo seu marido, um monstro horrendo e cruel.
E assim aconteceu ,foi levada por um doce Zéfiro até ao monte, onde acabou por adormecer. Quando acordou, estava diante de um enorme palácio, no qual entrou, sendo guiada por vozes.
Já de noite , Psique sentiu a presença de seu marido a seu lado. Não o podia ver e se algum dia o tentasse observar, perdê-lo-ia para sempre.
O tempo passava e Psique estava feliz naquele palácio, mas, ao mesmo tempo tinha saudades da sua família. Perguntou ao seu marido se podia convidar as sua irmãs ,ele concordou com a ideia, mas com a condição de nunca poderem ver o seu rosto, mas as sua irmãs ficaram com inveja da sua felicidade, por isso começaram a convencê-la de que o seu marido era um monstro e era por isso que ela nunca o via. Com isto, Psique ficou indecisa com esse comentário, e numa noite, acabou por ver o seu marido, à luz de uma lamparina.
Afinal não era nenhum monstro, era um belo adolescente. Surpresa com a sua descoberta, deixa cair um gota de azeite a ferver, que o acordou, e ele fugiu imediatamente.
A partir daí, Psique começa a andar pelo mau caminho. Abandonada pelo Amor (marido) , perseguida por Vénus, que invejava a sua beleza; nenhuma divindade queria ampará-la. A jovem tanto fugiu que foi apanhada por Vénus; esta aprisionou-a e torturou-a de variadíssimas maneiras; até a fez descer aos infernos.
Aí ela deveria ,a mando de Vénus, pedir a Perséfone um frasco cheio de água da fonte da juventude, mas não deveria abri-lo. Contudo, no caminho de regresso, Psique abriu o frasco e adormeceu num sono profundo. Mas Cupido consegue encontrá-la e acordá-la.
Pouco tempo depois pede a Júpiter que os una através do casamento, ideia com a qual concordou. Vénus e Psique também se reconciliaram.
Assim, o amor de Psique e do Amor (cupido) duraria para todo o sempre.
Vénus (Venus-eris)- É a antiga deusa romana dos jardins e da vegetação, foi identificada com Afrodite grega. Na sua qualidade de mãe do herói Eneias, o fundador mítico do povo romano, foi considerada a antepassada Gens Tulia e a protectora da cidade de Roma.
Vénus possuía um santuário perto de Ardea, construído antes da fundação de Roma.
Vesta (Vesta-ae)- Vesta é a deusa romana do fogo doméstico identificada com a Héstia dos gregos. Ela é a deusa do fogo que brilha no lar, considerado o centro da casa.
Era aí que se dava, primitivamente, os sacrifícios dos deuses protectores.
O seu culto estava dependente do grande Pontíficie, assistido pelas Vestais , sobre as quais exercia uma autoridade paternal. O carácter arcaico de Vesta é confirmado pelo facto de o animal que era crucificado ser o burro. Em meados de junho, nos dias das Vestalia, os burros jovens não trabalhavam, eram-lhe postas coroas de flores. Como explicação para esta singularidade ,foi inventada na lenda que mostrava a deusa, inocente entre todas protegida pelo burro contra uma tentativa amorosa de Priapo. Esta lenda é completamente artificial.
Vulcano (Vulcanus-i)- deus romano do fogo e da forja . Corresponde a Hefesto, o deus grego do fogo e dos fenómenos de vulcanismo. As suas festas, as vulcanais, celebradas em 23 de Agosto, eram em Roma muitos antigas e populares.
CURIOSIDADES
Para finalizar muitos deuses antigos como Baco, Pã, Dionísio e Quíron (este foi uma das figuras mais nobres e inteligentes da mitologia. Em sua origem, Quíron era um deus da Medicina na mitologia tessaliana, mas se tornou um centauro imortal na mitologia grega, que tinha maior aceitação. Apesar de os centauros geralmente serem selvagens e indomáveis, Quíron era exceção. Destacou-se por sua inteligência, e seu conhecimento de Medicina foi legendário) foram representados com chifres. Lembro que até mesmo Moisés foi homenageado com chifres pelos seus seguidores, em sinal de respeito aos seus feitos e favores divinos.
Os chifres sempre foram representações da luz, da sabedoria e do conhecimento entre os povos antigos. Portanto, como podemos perceber, desde tempos imemoráveis os chifres foram considerados símbolos de realeza, divindade, fartura, e não símbolos do mal como muitos associaram e ainda associam. O chifre sempre simbolizou a força de um animal, ou o poder de uma pessoa ou nação.
Sl 89:17 – “Pois tu és a glória da sua força; e no teu favor será exaltado o nosso poder (chifre).”
Lam 2:3 – “No furor da sua ira cortou toda a força (o chifre) de Israel; retirou para trás a sua destra de diante do inimigo; e ardeu contra Jacó, como labareda de fogo que consome em redor.”
Examinando o verso, vemos que o altar e seus chifres eram um. Da mesma maneira que a Sua pessoa e o Seu poder são inseparáveis, conectados, não há nenhum limite para que Deus libere poder quando um sacrifício é feito. Note o que também é ensinado em relação aos chifres:
Ex 29:12 – “Depois tomarás do sangue do touro, e o porás com o teu dedo sobre as pontas (chifres) do altar, e todo o sangue restante derramarás à base do altar.”
Havia poder ilimitado no sangue que foi borrifado nos chifres. Também porque o sangue representa vida, e o sacrifício era um substituto, por causa de um, os pecadores viveriam com Deus. Havia uma união de sangue entre o altar, os chifres e o pecador.
A misericórdia de Deus também é vista aqui:
1Rs 1:50 – “Porém Adonias temeu a Salomão; e levantou-se, e foi, e apegou-se às pontas (chifres) do altar.”
Os sacrifícios também eram amarrados relutantemente com cordas aos chifres:
Sl 118:27 – “Deus é o SENHOR que nos mostrou a luz; atai o sacrifício da festa com cordas, até às pontas (chifres) do altar.”
Podemos dizer, então, que o Deus, a Grande Mãe e o Deus Cornífero representam juntos as forças vitais do Universo Cornífero. É o mais alto símbolo de realeza, prosperidade, divindade, luz sabedoria e fartura. É o poder que fertiliza todas as coisas existentes na Terra.
Eu Sou, apenas o que Sou…
Wagner Veneziani Costa
(*)N.E.: Hino a Pã; traduzido de Hymn To Pan, de Aleister Crowley, por Fernando Pessoa. Sobre o jeito da tradução, indico a leitura da monografia “Hino a Pã”, tradução de Helena Barbas; ela faz uma exaustiva análise das coisas que Pessoa troca, das censuras, etc.; ela diz que as alterações que lhe introduziu a uma leitura literal “não podem ser meramente explicadas por um esforço de poeticidade”.
A tradução foi publicada na edição de julho-outubro de 1931, de Presença.
Os chifres sempre foram representações da luz, da sabedoria e do conhecimento entre os povos antigos. Portanto, como podemos perceber, desde tempos imemoráveis os chifres foram considerados símbolos de realeza, divindade, fartura, e não símbolos do mal como muitos associaram e ainda associam. O chifre sempre simbolizou a força de um animal, ou o poder de uma pessoa ou nação.
Sl 89:17 – “Pois tu és a glória da sua força; e no teu favor será exaltado o nosso poder (chifre).”
Lam 2:3 – “No furor da sua ira cortou toda a força (o chifre) de Israel; retirou para trás a sua destra de diante do inimigo; e ardeu contra Jacó, como labareda de fogo que consome em redor.”
Examinando o verso, vemos que o altar e seus chifres eram um. Da mesma maneira que a Sua pessoa e o Seu poder são inseparáveis, conectados, não há nenhum limite para que Deus libere poder quando um sacrifício é feito. Note o que também é ensinado em relação aos chifres:
Ex 29:12 – “Depois tomarás do sangue do touro, e o porás com o teu dedo sobre as pontas (chifres) do altar, e todo o sangue restante derramarás à base do altar.”
Havia poder ilimitado no sangue que foi borrifado nos chifres. Também porque o sangue representa vida, e o sacrifício era um substituto, por causa de um, os pecadores viveriam com Deus. Havia uma união de sangue entre o altar, os chifres e o pecador.
A misericórdia de Deus também é vista aqui:
1Rs 1:50 – “Porém Adonias temeu a Salomão; e levantou-se, e foi, e apegou-se às pontas (chifres) do altar.”
Os sacrifícios também eram amarrados relutantemente com cordas aos chifres:
Sl 118:27 – “Deus é o SENHOR que nos mostrou a luz; atai o sacrifício da festa com cordas, até às pontas (chifres) do altar.”
Podemos dizer, então, que o Deus, a Grande Mãe e o Deus Cornífero representam juntos as forças vitais do Universo Cornífero. É o mais alto símbolo de realeza, prosperidade, divindade, luz sabedoria e fartura. É o poder que fertiliza todas as coisas existentes na Terra.
Eu Sou, apenas o que Sou…
Wagner Veneziani Costa
(*)N.E.: Hino a Pã; traduzido de Hymn To Pan, de Aleister Crowley, por Fernando Pessoa. Sobre o jeito da tradução, indico a leitura da monografia “Hino a Pã”, tradução de Helena Barbas; ela faz uma exaustiva análise das coisas que Pessoa troca, das censuras, etc.; ela diz que as alterações que lhe introduziu a uma leitura literal “não podem ser meramente explicadas por um esforço de poeticidade”.
A tradução foi publicada na edição de julho-outubro de 1931, de Presença.
PETER PAN
Peter Pan
O menino mágico que voa sem medo de envelhecer, mas não quer crescer. Peter Pan leva-nos aos gnomos e fadas comuns em histórias européias antigas. Esses “arquétipos”, como Jung deveria dizer, têm reaparecido na “mente coletiva”, mais recentemente como o Sr. Spock. Quando despimos nosso amigo Vulcano (deus do fogo na Mitologia Romana) de seu uniforme Star Trek, encontramos a imagem familiar parecida com a do gnomo em um humanóide de orelhas pontudas com grande inteligência, ou seja, Peter, visto pela ótica mítica do deus Pan, deus dos bosques, da natureza selvagem que habita cada um de nós.
Pan, a carta “O Diabo” no Tarô Mitológico: o encontro com o que há de instintivo, sexual, amoral, cruel e divino. Quando essa carta sai em um jogo, é hora de confrontarmos o medo, de livrarmo-nos das amarras da moralidade, de expandirmos a mente por meio do encontro com o que há de sombra na nossa psique, com o que há de vergonha nos nossos cotidianos vividos, pensados e guardados.
Peter Pan toca sua flauta com nostalgia no filme de Hogan. Sem tristeza, porém. Afinal, ele só pode ter pensamentos felizes, pois só assim se pode voar.
Tomo a liberdade de transcrever aqui o Hino a Pan, do Mestre Aleister Crowley, para que possam ver que não estou “viajando” sozinho…
(*)Vibra do cio subtil da luz,
Meu homem e afã
Vem turbulento da noite a flux
De Pã! Iô Pã!
Iô Pã! Iô Pã! Do mar de além
Vem da Sicília e da Arcádia vem!
Vem como Baco, com fauno e fera
E ninfa e sátiro à tua beira,
Num asno lácteo, do mar sem fim,
A mim, a mim!
Vem com Apolo, nupcial na brisa
(Pegureira e pitonisa),
Vem com Artêmis, leve e estranha,
E a coxa branca, Deus lindo, banha
Ao luar do bosque, em marmóreo monte,
Manhã malhada da âmbrea fonte!
Mergulha o roxo da prece ardente
No ádito rubro, no laço quente,
A alma que aterra em olhos de azul
O ver errar teu capricho exul
No bosque enredo, nos nás que espalma
A árvore viva que é espírito e alma
E corpo e mente — do mar sem fim
(Iô Pã! Iô Pã!),
Diabo ou deus, vem a mim, a mim!
Meu homem e afã!
Vem com trombeta estridente e fina
Pela colina!
Vem com tambor a rufar à beira
Da primavera!
Com frautas e avenas vem sem conto!
Não estou eu pronto?
Eu, que espero e me estorço e luto
Com ar sem ramos onde não nutro
Meu corpo, lasso do abraço em vão,
Áspide aguda, forte leão —
Vem, está fazia
Minha carne, fria
Do cio sozinho da demonia.
À espada corta o que ata e dói,
Ó Tudo-Cria, Tudo-Destrói!
Dá-me o sinal do Olho Aberto,
E da coxa áspera o toque erecto,
E a palavra do louco e do secreto
Ó Pã! Iô Pã!
Iô Pã! Iô Pã Pã! Pã Pã! Pã.,
Sou homem e afã:
Faze o teu querer sem vontade vã,
Deus grande! Meu Pã!
Iô Pã! Iô Pã! Despertei na dobra
Do aperto da cobra.
A águia rasga com garra e fauce;
Os deuses vão-se;
As feras vêm. Iô Pã! A matado,
Vou no corno levado
Do Unicornado.
Sou Pã! Iô Pã! Iô Pã Pã! Pã!
Sou teu, teu homem e teu afã,
Cabra das tuas, ouro, deus, clara
Carne em teu osso, flor na tua vara.
Com patas de aço os rochedos roço
De solstício severo a equinócio.
E raivo, e rasgo, e roussando fremo,
Sempiterno, mundo sem termo,
Homem, homúnculo, ménade, afã,
Na força de Pã.
Iô Pã! Iô Pã Pã! Pã!
(Magick in Theory and Practice, de The Master Therion, prefácio de
Aleister Crowley, 1929.)
O menino mágico que voa sem medo de envelhecer, mas não quer crescer. Peter Pan leva-nos aos gnomos e fadas comuns em histórias européias antigas. Esses “arquétipos”, como Jung deveria dizer, têm reaparecido na “mente coletiva”, mais recentemente como o Sr. Spock. Quando despimos nosso amigo Vulcano (deus do fogo na Mitologia Romana) de seu uniforme Star Trek, encontramos a imagem familiar parecida com a do gnomo em um humanóide de orelhas pontudas com grande inteligência, ou seja, Peter, visto pela ótica mítica do deus Pan, deus dos bosques, da natureza selvagem que habita cada um de nós.
Pan, a carta “O Diabo” no Tarô Mitológico: o encontro com o que há de instintivo, sexual, amoral, cruel e divino. Quando essa carta sai em um jogo, é hora de confrontarmos o medo, de livrarmo-nos das amarras da moralidade, de expandirmos a mente por meio do encontro com o que há de sombra na nossa psique, com o que há de vergonha nos nossos cotidianos vividos, pensados e guardados.
Peter Pan toca sua flauta com nostalgia no filme de Hogan. Sem tristeza, porém. Afinal, ele só pode ter pensamentos felizes, pois só assim se pode voar.
Tomo a liberdade de transcrever aqui o Hino a Pan, do Mestre Aleister Crowley, para que possam ver que não estou “viajando” sozinho…
(*)Vibra do cio subtil da luz,
Meu homem e afã
Vem turbulento da noite a flux
De Pã! Iô Pã!
Iô Pã! Iô Pã! Do mar de além
Vem da Sicília e da Arcádia vem!
Vem como Baco, com fauno e fera
E ninfa e sátiro à tua beira,
Num asno lácteo, do mar sem fim,
A mim, a mim!
Vem com Apolo, nupcial na brisa
(Pegureira e pitonisa),
Vem com Artêmis, leve e estranha,
E a coxa branca, Deus lindo, banha
Ao luar do bosque, em marmóreo monte,
Manhã malhada da âmbrea fonte!
Mergulha o roxo da prece ardente
No ádito rubro, no laço quente,
A alma que aterra em olhos de azul
O ver errar teu capricho exul
No bosque enredo, nos nás que espalma
A árvore viva que é espírito e alma
E corpo e mente — do mar sem fim
(Iô Pã! Iô Pã!),
Diabo ou deus, vem a mim, a mim!
Meu homem e afã!
Vem com trombeta estridente e fina
Pela colina!
Vem com tambor a rufar à beira
Da primavera!
Com frautas e avenas vem sem conto!
Não estou eu pronto?
Eu, que espero e me estorço e luto
Com ar sem ramos onde não nutro
Meu corpo, lasso do abraço em vão,
Áspide aguda, forte leão —
Vem, está fazia
Minha carne, fria
Do cio sozinho da demonia.
À espada corta o que ata e dói,
Ó Tudo-Cria, Tudo-Destrói!
Dá-me o sinal do Olho Aberto,
E da coxa áspera o toque erecto,
E a palavra do louco e do secreto
Ó Pã! Iô Pã!
Iô Pã! Iô Pã Pã! Pã Pã! Pã.,
Sou homem e afã:
Faze o teu querer sem vontade vã,
Deus grande! Meu Pã!
Iô Pã! Iô Pã! Despertei na dobra
Do aperto da cobra.
A águia rasga com garra e fauce;
Os deuses vão-se;
As feras vêm. Iô Pã! A matado,
Vou no corno levado
Do Unicornado.
Sou Pã! Iô Pã! Iô Pã Pã! Pã!
Sou teu, teu homem e teu afã,
Cabra das tuas, ouro, deus, clara
Carne em teu osso, flor na tua vara.
Com patas de aço os rochedos roço
De solstício severo a equinócio.
E raivo, e rasgo, e roussando fremo,
Sempiterno, mundo sem termo,
Homem, homúnculo, ménade, afã,
Na força de Pã.
Iô Pã! Iô Pã Pã! Pã!
(Magick in Theory and Practice, de The Master Therion, prefácio de
Aleister Crowley, 1929.)
PANDORA
Pandora
Na mitologia grega, Pandora (”bem-dotada”) foi a primeira mulher, criada por Zeus como punição aos homens pela ousadia do titã Prometeu em roubar dos céus o segredo do fogo.
Em sua criação, os vários deuses colaboraram com partes; Hefestos moldou sua forma a partir de argila, Afrodite deu-lhe beleza, Apolo ofereceu-lhe talento musical, Deméter ensinou-lhe a colheita, Atena concedeu-lhe habilidade manual, Poseidon deu-lhe um colar de pérolas e a certeza de não se afogar, e Zeus, uma série de características pessoais, além de uma caixa, a caixa de Pandora.
“Caixa de Pandora” é uma expressão utilizada para designar qualquer coisa que incita a curiosidade, mas que é preferível não tocar (como quando se diz que “a curiosidade matou o gato”). Tem origem no mito grego da primeira mulher, Pandora, que por ordem dos deuses abriu um recipiente (há polêmica quanto à natureza deste, talvez uma panela, um jarro, um vaso, ou uma caixa tal como um baú…) onde se encontravam todos os males que desde então se abateram sobre a humanidade, ficando apenas aquele que destruiria a esperança no fundo do recipiente. Existem algumas semelhanças com a história judaico-cristã de Adão (Adan) e Eva em que a mulher é, também, responsável pela desgraça do gênero humano.
Desde que Zeus (Júpiter) e seus irmãos (a geração dos deuses olímpicos) começaram a disputar o poder com a geração dos Titãs, Prometeu era visto como inimigo, e seus amigos mortais eram tidos como ameaça.
Sendo assim, para castigar os mortais, Zeus privou o homem do fogo; simbolicamente, da luz na alma, da inteligência… Prometeu, “amigo dos homens”, roubou uma centelha do fogo celeste e a trouxe à terra, reanimando os homens.
Ao descobrir o roubo, Zeus decidiu punir tanto o ladrão quanto os beneficiados. Prometeu foi acorrentado a uma coluna e uma águia devorava seu fígado durante o dia, o qual voltava a crescer à noite.
Para castigar o homem, Zeus ordenou a Hefesto (Vulcano) que modelasse uma mulher semelhante às deusas imortais e que tivesse vários dons. Atena (Minerva) ensinou-lhe a arte da tecelagem, Afrodite (Vênus) deu-lha a beleza e o desejo indomável, Hermes (Mercúrio) encheu-lhe o coração de artimanhas, imprudência, ardis, fingimento e cinismo, as Graças embelezaram-na com lindíssimos colares de ouro… Zeus enviou Pandora como presente a Epimeteu, o qual, esquecendo-se da recomendação de Prometeu, seu irmão, de que nunca recebesse um presente de Zeus, o aceitou. Quando Pandora, por curiosidade, abriu uma caixa que trouxera do Olimpo, como presente de casamento ao marido, dela fugiram todas as calamidades e desgraças que até hoje atormentam os homens. Pandora ainda tentou fechar a caixa, mas era tarde demais: ela estava vazia, com a exceção da “esperança”, que permaneceu presa junto à borda da caixa.
Pandora é a deusa da ressurreição. Por não nascer como a divindade, é conhecida como uma semideusa. Pandora era uma humana ligada a Hades. Sua ambição em se tornar a deusa do Olimpo e esposa de Zeus fez com que ela abrisse a ânfora divina. Zeus, para castigá-la, tirou a sua vida. Hades, com interesse nas ambições de Pandora, procurou as Pacas (dominadoras do tempo) e pediu para que o tempo voltasse. Sem a permissão de Zeus, elas não puderam fazer nada. Hades convenceu o irmão a ressuscitar Pandora. Graças aos argumentos do irmão, Zeus a ressuscitou dando a divindade que ela sempre desejava. Assim, Pandora se tornou a deusa da ressurreição. Para um espírito ressuscitar, Pandora entrega-lhe uma tarefa; se o espírito cumprir, ele é ressuscitado. Pandora, com ódio de Zeus por ele tê-la tornado uma deusa sem importância, entrega aos espíritos somente tarefas impossíveis. Desse modo, nenhum espírito conseguiu nem conseguirá ressuscitar.
PANTEÍSMO E PANDEÍSMO
O Panteísmo
Etimologicamente falando, o termo “panteísmo” deriva das palavras gregas pan (”tudo”) e teísmo (”crença em deus”), sustentando a idéia da crença em um Deus que está em tudo, ou à de muitos deuses representados pelos múltiplos elementos divinizados da natureza e do Universo.
Em diversas culturas panteístas, freqüentemente a idéia de um Deus que vive em tudo, complementa e coexiste pacificamente com o conceito de múltiplos deuses associados com os diversos elementos da natureza, sendo ambos, aspectos do Panteísmo.
A principal convicção é que Deus, ou força divina, está presente no mundo e permeia tudo o que nele existe. O divino também pode ser experimentado como algo impessoal, como a alma do mundo, ou um sistema do mundo. O Panteísmo costuma ser associado ao misticismo, no qual o objetivo do mortal é alcançar a união com o Divino.
O Panteísmo é também a linha filosófica que mais se aproxima da filosofia hermética do antigo Egito, em que o principal objetivo é fazer parte da conspiração universal (ou conspiração Cósmica).
Pandeísmo
Corrente religiosa sincrética (do grego: πάν (pan), “todo” e do latin deus, “deus”) proveniente da junção do Panteísmo (identidade de Deus com o Universo) com o Deísmo (O Deus criador do Universo não pode mais ser localizado, senão com base na razão), ou seja, a afirmação concomitante de que Deus precede o Universo, sendo o seu criador e, ao mesmo tempo, sua totalidade.
Como o Deísmo, faz uso de razão na religião, o Pandeísmo usa os argumentos cosmológico, teológico e outros aspectos da chamada “religião natural”. Tal uso se deu entre os disseminadores de sistemas filosóficos racionais, durante o século XIX. Também foi largamente empregado para identificar a expressão simultânea de todas as religiões.
Algumas mitologias, tais como a nórdica, sugerem que o mundo foi criado da substância corporal de uma deidade inativa, ou ser de capacidades similares; no exemplo citado, Odin, junto de seus irmãos Ve e Vili, derrotaram e mataram o gigante Ymir, e de sua carne fizeram a terra, dos cabelos, a vegetação, e assim por diante, criando o Mundo conhecido. Semelhantemente, a mitologia chinesa propugna a mesma estrutura, atribuindo a Pan Gu a criação dos elementos físicos que compõem o Mundo.
Modernamente, Thomas Paine, filósofo britânico, e o naturalista holandês Franz Wilhelm Junghuhn redimensionaram os conceitos sobre Deísmo e Panteísmo em suas obras, introduzindo-as na mentalidade contemporânea.
Em 2001, Scott Adams escreveu God’s Debris (Restos do Deus), que propõe um formulário de Pandeísmo.
Panacéia
Remédio que curaria todos os males. Panacéia faz parte da mitologia, pois descende de Asclépio, o deus da Medicina, simbolizando a cura universal.
Antigamente, os médicos, quando acabavam de se formar, faziam um juramento chamado de o Juramento de Hipócrates, muito comprido, que começava assim:
“Eu juro, por Apolo médico, por Esculápio, Hígia e Panacéia, e tomo por testemunhas todos os deuses e todas as deusas, cumprir segundo meu poder e minha razão, a promessa que se segue…”
Mais modernamente, entenderam que não fazia sentido jurar em nome de deuses gregos, e a fórmula mudou.
Esculápio era o deus romano da Medicina e da cura. Foi herdado diretamente da mitologia grega, na qual tinha as mesmas propriedades, mas um nome sutilmente diferente: Asclépio (”cortar”).
Segundo reza o mito, Esculápio nasceu como mortal, mas depois da sua morte foi-lhe concedida a imortalidade, transformando-se na constelação Ofiúco. Dentre seus filhos, encontram-se Hígia e Telésforo.
Curiosamente, na província da Lusitânia, Esculápio era especialmente venerado, enquanto em Roma era considerada uma divindade menor.
Etimologicamente falando, o termo “panteísmo” deriva das palavras gregas pan (”tudo”) e teísmo (”crença em deus”), sustentando a idéia da crença em um Deus que está em tudo, ou à de muitos deuses representados pelos múltiplos elementos divinizados da natureza e do Universo.
Em diversas culturas panteístas, freqüentemente a idéia de um Deus que vive em tudo, complementa e coexiste pacificamente com o conceito de múltiplos deuses associados com os diversos elementos da natureza, sendo ambos, aspectos do Panteísmo.
A principal convicção é que Deus, ou força divina, está presente no mundo e permeia tudo o que nele existe. O divino também pode ser experimentado como algo impessoal, como a alma do mundo, ou um sistema do mundo. O Panteísmo costuma ser associado ao misticismo, no qual o objetivo do mortal é alcançar a união com o Divino.
O Panteísmo é também a linha filosófica que mais se aproxima da filosofia hermética do antigo Egito, em que o principal objetivo é fazer parte da conspiração universal (ou conspiração Cósmica).
Pandeísmo
Corrente religiosa sincrética (do grego: πάν (pan), “todo” e do latin deus, “deus”) proveniente da junção do Panteísmo (identidade de Deus com o Universo) com o Deísmo (O Deus criador do Universo não pode mais ser localizado, senão com base na razão), ou seja, a afirmação concomitante de que Deus precede o Universo, sendo o seu criador e, ao mesmo tempo, sua totalidade.
Como o Deísmo, faz uso de razão na religião, o Pandeísmo usa os argumentos cosmológico, teológico e outros aspectos da chamada “religião natural”. Tal uso se deu entre os disseminadores de sistemas filosóficos racionais, durante o século XIX. Também foi largamente empregado para identificar a expressão simultânea de todas as religiões.
Algumas mitologias, tais como a nórdica, sugerem que o mundo foi criado da substância corporal de uma deidade inativa, ou ser de capacidades similares; no exemplo citado, Odin, junto de seus irmãos Ve e Vili, derrotaram e mataram o gigante Ymir, e de sua carne fizeram a terra, dos cabelos, a vegetação, e assim por diante, criando o Mundo conhecido. Semelhantemente, a mitologia chinesa propugna a mesma estrutura, atribuindo a Pan Gu a criação dos elementos físicos que compõem o Mundo.
Modernamente, Thomas Paine, filósofo britânico, e o naturalista holandês Franz Wilhelm Junghuhn redimensionaram os conceitos sobre Deísmo e Panteísmo em suas obras, introduzindo-as na mentalidade contemporânea.
Em 2001, Scott Adams escreveu God’s Debris (Restos do Deus), que propõe um formulário de Pandeísmo.
Panacéia
Remédio que curaria todos os males. Panacéia faz parte da mitologia, pois descende de Asclépio, o deus da Medicina, simbolizando a cura universal.
Antigamente, os médicos, quando acabavam de se formar, faziam um juramento chamado de o Juramento de Hipócrates, muito comprido, que começava assim:
“Eu juro, por Apolo médico, por Esculápio, Hígia e Panacéia, e tomo por testemunhas todos os deuses e todas as deusas, cumprir segundo meu poder e minha razão, a promessa que se segue…”
Mais modernamente, entenderam que não fazia sentido jurar em nome de deuses gregos, e a fórmula mudou.
Esculápio era o deus romano da Medicina e da cura. Foi herdado diretamente da mitologia grega, na qual tinha as mesmas propriedades, mas um nome sutilmente diferente: Asclépio (”cortar”).
Segundo reza o mito, Esculápio nasceu como mortal, mas depois da sua morte foi-lhe concedida a imortalidade, transformando-se na constelação Ofiúco. Dentre seus filhos, encontram-se Hígia e Telésforo.
Curiosamente, na província da Lusitânia, Esculápio era especialmente venerado, enquanto em Roma era considerada uma divindade menor.
LOBISOMEM
O Lobisomem
Mito-maldição dos mais antigos e talvez o único verdadeiramente universal, correndo a terra de ponta a ponta e com uma antiguidade que permite registros de Plínio, o Velho, Heródoto, Petrônio e outros.
O nome, derivado das Lupercais, festividades dedicadas ao deus Pan, na antiga Roma, alastrou-se também nas Américas Central e do Sul, via Espanha (Lubizon), Portugal (Lobisomem), e na do Norte, via França (Loup-garou), ou saxão (Werrwolf), depois de ter atingido toda a Europa. Registros indicam a existência do mito na China e no Japão e na África.
O homem “vira” Lobisomem, misto de lobo e homem, por ser o sétimo filho nascido após sete filhas, se for atingido pelo sangue de outro lobisomem ou sendo filho de incesto, também.
Pode-se quebrar esse encanto-maldição, bastando, para tanto, que a primeira filha batize, ferindo-o, durante sua transformação, bastando apenas tirar-lhe uma gota de sangue ou, quase sem perigo, com um tiro de arma de fogo, cuja bala tenha sido previamente untada com cera de uma vela comum, mas que tenha ardido em três missas de domingo. Se for em uma só missa-do-galo, também fará o efeito.
A sina do Lobisomem, além da própria maldição, parece ser cansativa; pois consiste de, toda sexta-feira, fazer uma maratona, visitando, entre meia-noite e duas horas, sete cemitérios ou adros de igrejas, sete vilas, sete encruzilhadas, sete outeiros e sete mata-burros, voltando sempre ao ponto de partida.
TUPAN
Tupan
Tupã ou Tupan (que na língua tupi significa “trovão”) é uma entidade da mitologia tupi-guarani.
Os indígenas rezam a Nhanderuvuçu e a seu mensageiro Tupã, que não era exatamente um deus, mas sim uma manifestação de um deus. É importante destacar esta confusão feita pelos jesuítas. Nhanderuete, o liberador da palavra original, segundo a tradição mbyá, que é um dialeto da língua guarani, do tronco lingüístico tupi seria algo mais próximo do que os catequizadores imaginavam.
Câmara Cascudo afirma que Tupã “é um trabalho de adaptação da catequese”. Na verdade, o conceito “Tupã” já existia, não como divindade, mas como conotativo para o som do trovão (Tu-pá, Tu-pã ou Tu-pana, golpe/baque estrondeante); portanto, não passava de um efeito, cuja causa o índio desconhecia e, por isso mesmo, temia. Osvaldo Orico é da opinião de que os indígenas tinham noção da existência de uma Força, de um Deus superior a todos. Assim ele diz: “A despeito da singela idéia religiosa que os caracterizava, tinha noção de Ente Supremo, cuja voz se fazia ouvir nas tempestades – Tupã-cinunga, ou “o trovão”, cujo reflexo luminoso era Tupãberaba, ou “relâmpago”. Os índios acreditavam ser o deus da criação, o deus da luz. Sua morada seria o Sol.
Para os indígenas, antes de os jesuítas os catequizarem, Tupã representava um ato divino, era o sopro, a vida, e o homem, a flauta em pé, que ganha a vida com o fluxo que por ele passa.
A religião propagada por Car era baseada na crença a um Deus onipotente, a quem ele chamou P. A. N., também uma palavra cabalística que significa “Senhor do Universo”. Dois séculos depois, pregou Moisés a mesma crença a um Deus onipotente, a quem ele chamou Je-oh-va. O nome Pan, com o significado de Senhor, permaneceu nos países orientais em todos os tempos. Alexandre Magno foi chamado na Ásia de “O Pany Alexandros”. Na Tchecoslováquia, na Polônia, na Rússia e em outros países, usa-se ainda PANE e PANJE como elocução. “Pane Antony” é igual ao “Sir Antonio”. Note-se também que a palavra panis (nosso pão) vem de Pan: a dádiva de Deus.
TU-PAN, o Deus onipotente na religião dos antigos brasileiros, significa: “Adorado Pan”. Na língua dos cários, fenícios e pelastos, significa o substantivo THUS, THUR (respectivamente TUS, TUR e TU): “sacrifício da devoção” ou “incenso”. Tudo que o homem oferece a Deus é, na língua da ordem dos sacerdotes cários, T. U., que também é uma fórmula cabalística. O infinito do verbo “sacrificar” é, no fenício, TU-AN; no germano, TU-EN; no grego, THU-EIN e THY-EIN; no latim, TU-ERI (venerar, contemplar, olhar, guardar). THUS, também no latim, é o incenso que se oferece a Deus, respectivamente aos deuses. A origem de TUPAN, como nome do Deus onipotente, remonta à religião monoteísta de Car.
Tupã ou Tupan (que na língua tupi significa “trovão”) é uma entidade da mitologia tupi-guarani.
Os indígenas rezam a Nhanderuvuçu e a seu mensageiro Tupã, que não era exatamente um deus, mas sim uma manifestação de um deus. É importante destacar esta confusão feita pelos jesuítas. Nhanderuete, o liberador da palavra original, segundo a tradição mbyá, que é um dialeto da língua guarani, do tronco lingüístico tupi seria algo mais próximo do que os catequizadores imaginavam.
Câmara Cascudo afirma que Tupã “é um trabalho de adaptação da catequese”. Na verdade, o conceito “Tupã” já existia, não como divindade, mas como conotativo para o som do trovão (Tu-pá, Tu-pã ou Tu-pana, golpe/baque estrondeante); portanto, não passava de um efeito, cuja causa o índio desconhecia e, por isso mesmo, temia. Osvaldo Orico é da opinião de que os indígenas tinham noção da existência de uma Força, de um Deus superior a todos. Assim ele diz: “A despeito da singela idéia religiosa que os caracterizava, tinha noção de Ente Supremo, cuja voz se fazia ouvir nas tempestades – Tupã-cinunga, ou “o trovão”, cujo reflexo luminoso era Tupãberaba, ou “relâmpago”. Os índios acreditavam ser o deus da criação, o deus da luz. Sua morada seria o Sol.
Para os indígenas, antes de os jesuítas os catequizarem, Tupã representava um ato divino, era o sopro, a vida, e o homem, a flauta em pé, que ganha a vida com o fluxo que por ele passa.
A religião propagada por Car era baseada na crença a um Deus onipotente, a quem ele chamou P. A. N., também uma palavra cabalística que significa “Senhor do Universo”. Dois séculos depois, pregou Moisés a mesma crença a um Deus onipotente, a quem ele chamou Je-oh-va. O nome Pan, com o significado de Senhor, permaneceu nos países orientais em todos os tempos. Alexandre Magno foi chamado na Ásia de “O Pany Alexandros”. Na Tchecoslováquia, na Polônia, na Rússia e em outros países, usa-se ainda PANE e PANJE como elocução. “Pane Antony” é igual ao “Sir Antonio”. Note-se também que a palavra panis (nosso pão) vem de Pan: a dádiva de Deus.
TU-PAN, o Deus onipotente na religião dos antigos brasileiros, significa: “Adorado Pan”. Na língua dos cários, fenícios e pelastos, significa o substantivo THUS, THUR (respectivamente TUS, TUR e TU): “sacrifício da devoção” ou “incenso”. Tudo que o homem oferece a Deus é, na língua da ordem dos sacerdotes cários, T. U., que também é uma fórmula cabalística. O infinito do verbo “sacrificar” é, no fenício, TU-AN; no germano, TU-EN; no grego, THU-EIN e THY-EIN; no latim, TU-ERI (venerar, contemplar, olhar, guardar). THUS, também no latim, é o incenso que se oferece a Deus, respectivamente aos deuses. A origem de TUPAN, como nome do Deus onipotente, remonta à religião monoteísta de Car.
PERSONIFICAÇÕES - PAN
Divindades populares do mundo romano...
O Deus Pan
O Pan (pão) Nosso de Cada Dia – A Grande Dádiva de Deus
Durante todo o texto, tentarei fazer uma análise comparativa do Deus Pan em todas as civilizações, como suas lendas, mitos, histórias infantis e as diversas palavras que surgiram do nome dele, tais como pânico, panacéia, panteísmo entre tantas outras. O Deus Pan é muitas vezes chamado de Fauno, Sylvanus, Lupercus, o Diabo (no Tarô). Seu lado feminino é a Fauna; é Exú (na Umbanda), o Orixá fálico; Capricórnio (na Astrologia); Dionísius (deus do vinho); Baco (dos famosos bacanais). Muitas vezes é comparado aos deuses caçadores; ou ainda, a Tupã (Pajé, Caboclo).
Pan, antiqüíssima divindade pelágica especial à Arcádia (uma região rural), morada do Deus Pan. É o guarda dos rebanhos que ele tem por missão fazer multiplicar. Deus dos bosques e dos pastos, protetor dos pastores, veio ao mundo com chifres, orelhas e pernas de bode. Pan é filho de Mercúrio. Era bastante natural que o mensageiro dos deuses, sempre considerado intermediário, estabelecesse a transição entre os deuses de forma humana e os de forma animal. Parece, contudo, que o nascimento de Pan provocou certa emoção em sua mãe, que ficou assustadíssima com tão esquisita conformação. As más línguas dizem que, quando Mercúrio apresentou o filho aos demais deuses, todo o Olimpo desatou a rir.
“Mercúrio chegou à Arcádia, que era fecunda em rebanhos. Ali se estende o campo sagrado de Cilene; nesses páramos, ele, deus poderoso, guardou as alvas orelhas de um simples mortal, pois concebera o mais vivo desejo de se unir a uma bela ninfa, filha de Dríops. Realizou-se enfim o doce himeneu. A jovem ninfa deu à luz o filho de Mercúrio, menino esquisito, de pés de bode e testa armada de dois chifres. Ao vê-lo, a nutriz abandona-o e foge. Espantam-na aquele olhar terrível e aquela barba tão espessa. Mas o benévolo Mercúrio, recebendo-o imediatamente, colocou-o no colo, rejubilante. Chega assim à morada dos imortais, ocultando cuidadosamente o filho na pele aveludada de uma lebre. Depois, apresenta-lhes o menino. Todos os imortais se alegram, sobretudo Baco, e dão-lhe o nome de Pan, visto que para todos constituiu objeto de diversão.”
As ninfas zombavam incessantemente do pobre Pan, por causa do seu rosto repulsivo, e o infeliz deus, ao que se diz, tomou a decisão de nunca amar. Mas Cupido é cruel, e afirma uma tradição que Pan, desejando um dia lutar corpo a corpo com ele, foi vencido e abatido diante das ninfas que riam.
Uma vez, ouvi um flautista contar com sua música uma história linda: a história do amor do Deus Pan, pela ninfa Sirinx. Ele disse que Pan se apaixonou pela ninfa, mas não foi correspondido. Sendo assim, Sirinx vivia fugindo do deus metade homem metade bode, até que se escondeu dele em um lago e se afogou. No lugar da sua morte, nasceram hastes de junco que Pan cortou e transformou em uma flauta de sete tubos, a qual se tornou um atributo dele. Sirinx, então, imortalizava-se.
Pan também era o deus da fertilidade, da sexualidade masculina desenfreada e do desejo carnal. Como o nome do deus significava “tudo”, no mais amplo sentido da natureza, a raiz, a fertilidade, Pan passou a ser considerado um símbolo do Universo e a personificação da Natureza; e, mais recentemente, representante de todos os deuses.
Celebrar a Pan é celebrar a sexualidade de maneira primal, a bebida e a boa música. O que hoje conhecemos como pânico tem sua origem no nome desse deus. A justificativa é que existia o mito de que quem morava próximo às florestas era perseguido à noite pelo deus. Dessa forma, o temor irracional que era atribuído a esse evento ficou conhecido como pânico.
Os romanos tinham um panteão de deuses que foi, em sua maioria, “herdado” da cultura grega. Portanto, quase todos os deuses romanos possuem seus correspondentes gregos.
Sylvanus e Faunus eram divindades latinas cujas características são muito parecidas com as de Pan, que nós podemos considerá-las como o mesmo personagem com nomes diferentes.
Faunos
Entre os romanos, faunos eram deidades de florestas selvagens com pequenos chifres, pernas de cabra e um pequeno rabo. Eles acompanhavam o deus Faunus, eram alegres, habilidosos, e viviam sempre cantando e se divertindo. Faunos são análogos aos sátiros gregos.
Era o deus da natureza selvagem e da fertilidade, também considerado o doador dos oráculos. Ele foi identificado depois com o Pan grego e também assumiu algumas das características de Pan, como os chifres e as pernas de cabra. Como o protetor dos rebanhos, ele também é chamado Lupercus (”aquele que protege dos lobos”).
Uma tradição particular conta que Faunus era o rei de Latium, o filho de Picus e neto do deus Saturno. Depois de sua morte, ele foi divinizado como Fatuus, e surgiu um culto pequeno em torno da sua pessoa, na floresta sagrada de Tibur (Tivoli). Em 15 de fevereiro (a data de fundação do templo), seu festival, o Lupercalia, era célebre. Padres (chamados Luperci) vestiam peles de cabra e caminhavam pelas ruas de Roma batendo nos espectadores com cintos feitos de pele de cabra. Outro festival era o Faunalia.
Ele é acompanhado pelos faunos, análogos aos sátiros gregos. Sua contraparte feminina é a Fauna.
Para os cristãos, os chifres representam o Demônio, o cordeiro ou cabrito, que era sacrificado em redenção do pecado. Mas os chifres sempre foram sinais de algo Divino. Na Babilônia, o grau de importância dos deuses era identificado pelo número de chifres atribuídos a eles. Moisés fora representado plasticamente com chifres na testa, bem como o próprio Alexandre, o Grande, encomendara uma pintura do seu retrato, mostrando-se com chifres de carneiro na testa.
Os antigos judeus conheciam esse simbolismo, recebido das mitologias circunvizinhas. Se’irim geralmente pode ser traduzido por bode. Habitam os lugares altos, os desertos, as ruínas… No Gênesis, lemos que os filhos de Jacó degolaram um bode para com seu sangue manchar a túnica de José (Gn. 37:31).
O termo vulgar “bode” é designado pela mesma palavra que se emprega em outras partes para designar um sátiro. A palavra hebraica sa’ir significa propriamente “o peludo” e se aplica tanto ao bode como a qualquer outro sátiro, demônio ou divindade inferior, na mentalidade popular.
O bode representa um dos deuses subalternos do grande Azazel, deus ou temível príncipe dos demônios do deserto. Freqüentemente mencionado pelos apócrifos, Azazel só aparece na Bíblia em uma oportunidade, na descrição do rito de expiação:
“O sumo sacerdote receberá da comunidade dos filhos de Israel dois bodes destinados ao sacrifício pelo pecado… Lançará a sorte sobre os dois bodes, atribuindo uma sorte a Iahweh e outra a Azazel. Aarão oferecerá o bode sobre o qual caiu a sorte para Iahweh e fará com ele um sacrifício pelo pecado. Quanto ao bode sobre o qual caiu a sorte para Azazel, será colocado vivo diante de Iahweh para fazer com ele o rito de expiação, a fim de ser enviado a Azazel, no deserto. ( …) Aarão porá ambas as mãos sobre a cabeça do bode e confessará sobre ele todas as faltas dos filhos de Israel, todas as suas transgressões e todos os seus pecados. E depois de tê-los assim posto sobre a cabeça do bode, irá enviá-lo ao deserto, conduzido por um homem preparado para isso, e o bode levará sobre si todas as faltas deles para uma região desolada”. (Lv. 16: 5-8 e 10:21s).
Para os Celtas, o Deus Cornífero
O Deus Cornífero é representado por um ser com cabeça humana, chifres e pernas de cabra ou cervo. Ele é o guardião das entradas e do círculo mágico que é traçado para se começar o ritual. É o deus pagão dos bosques, o rei do carvalho e senhor das matas. É o deus que morre e sempre renasce. Seus ciclos de morte e vida representam nossa própria existência.
Mas por que essa imagem diabólica tão horripilante? O chifre apresentava conotação sagrada, como um sinal “divino”, desde dez mil anos a.C., no período Paleolítico, representando também fertilidade e vitalidade. Acreditava-se que os chifres recebiam poderes especiais vindos das estrelas e dos céus.
Existem várias versões do Deus Cornífero, como o Deus Cernunnos (versão celta e galo-romana), Pan “Grécia”, Osíris e outros. Na religião pagã Wicca, criada por Gerald
Gardner, acredita-se que o Deus Cornífero seja o guardião das entradas e do círculo dos ritos.
Confundido no Cristianismo (propositalmente ou não) com o “Diabo”, por sua estranha aparência, o Deus Cornífero nasce e morre todos os dias, tentando ensinar os segredos da morte e da vida.
Segundo a Wicca, o Deus Cornífero nasceu da grande Deusa, divindade suprema para os wiccanianos, representada por várias faces. Acredita-se que a Deusa começou a ser cultuada entre 35 a 10 mil anos antes de Cristo, pois arqueólogos encontraram várias estatuetas de figuras humanas representando mulheres grávidas.
Uma das versões do Deus Cornífero é a que o considera protetor dos pastores e dos rebanhos. Deus Osíris – considerado pelos egípcios o deus da agricultura e da vida para além da morte.
Em algumas cavernas da França, foram encontradas pinturas do período Paleolítico, com homens fantasiados de veado, representando o Deus Cernunnos. Muitas vezes, ele era representado em imagens, acompanhado de uma serpente, e em tempos mais modernos, com uma bolsa cheia de moedas.
Nada foi relacionado a um ser infernal. Nos dias atuais, em que imaginamos o Diabo ou um ser infernal, o que nos vem à mente é uma imagem demoníaca, um ser com chifres e pernas de cabra. Ninguém pode afirmar ao certo a imagem de um ser obscuro, ele pode ser apenas uma força negativa invisível, sem aparência.
Existiu conspiração religiosa na imagem do Deus Cernunnos? Teriam criado essa farsa apenas para acabar com as antigas religiões? Não se sabe isso ao certo, pois não foram encontradas muitas coisas escritas sobre o Deus Cernunnos, e sim muitas imagens e estátuas. Geralmente, ele é representado sentado e de pernas cruzadas, talvez assumindo a posição de um xamã.
Considerado também o deus da caça e da floresta, hoje é um deus ou ser divino quase esquecido, lembrado apenas nas religiões pagãs.
Exu – O Orixá Fálico
Exu também tem os seguintes epítetos ou atributos: Exu Lonan, o Senhor dos Caminhos; Exu Osije-Ebo, o Mensageiro Divino; Exu Bará, o Senhor (do movimento) do Corpo; Exu Odara, Senhor da Felicidade; Exu Eleru, o Senhor da Obrigação Ritual; Exu Yangi, o Senhor da Laterita Vermelha; Exu Elegbara, o Senhor do Poder da Transmutação; Exu Agba, aquele que é o ancestral; Exu Inã, o Senhor do Fogo.
Exu é o Orixá que rege o jogo de Búzios, uma modalidade divinatória. Diz um mito que Exu é o único Orixá que tinha esse poder, mas decidiu compartilhá-lo com Ifá em troca de receber as oferendas e pedidos antes de qualquer outro Orixá.
É o mensageiro dos deuses, seu poder é o de receber e transportar os pedidos e oferendas dos seres humanos ao Orum, o Mundo dos Deuses. É o Senhor dos Caminhos, das encruzilhadas, das trocas comerciais e de todo tipo de comunicação. Ele representa também a fertilidade da vida, os poderes sexual, reprodutivo e gerativo. Não podemos nos esquecer de que o sexo, diferentemente do que os cristãos dizem (uma coisa de luxúria, de pecado), é na verdade um ATO SAGRADO. Talvez por isso, por ele ser o poder sexual, os cristãos o comparem com o Demônio.
Quando pergunto a qualquer pessoa se Deus é onipresente, onisciente e onipotente, e elas normalmente respondem que sim, concluo com a seguinte pergunta: Então, quem é o Diabo? Elas ficam sem resposta… Ora, esse Demônio, tão difundido pelas religiões judaico-cristãs, não existe. O conceito de bem ou mal é relativo, está intrinsecamente ligado ao ser humano, dentro de cada um de nós e não fora.
O Diabo só existe dentro de nossos corações frágeis e reina naqueles que não dominam suas emoções e navegam conforme a maré dos acontecimentos, sem rumo certo. Sem falar que normalmente a figura do Senhor Exu é colocada com chifres, rabo, pintado de vermelho, imagem bem parecida com a que os cristãos “desenham” o Diabo… Então, Exu nada tem em comum com o diabo lúdico, e as esquisitas estátuas comercializadas e utilizadas arbitrariamente em terreiros são frutos da imaginação de visionários que não enxergam nada além das manifestações dos baixos sentimentos em formas deprimentes, nos seres que lhes são afins. Exu poderia ser comparado a Príapo, a Hermes, a Mercúrio, deuses mensageiros ou protetores da sexualidade masculina, nunca ao Demônio cristão.
Laroiê, Senhor Exu! (”Ninguém tira a saúde e a riqueza”).
O Deus Pan
O Pan (pão) Nosso de Cada Dia – A Grande Dádiva de Deus
Durante todo o texto, tentarei fazer uma análise comparativa do Deus Pan em todas as civilizações, como suas lendas, mitos, histórias infantis e as diversas palavras que surgiram do nome dele, tais como pânico, panacéia, panteísmo entre tantas outras. O Deus Pan é muitas vezes chamado de Fauno, Sylvanus, Lupercus, o Diabo (no Tarô). Seu lado feminino é a Fauna; é Exú (na Umbanda), o Orixá fálico; Capricórnio (na Astrologia); Dionísius (deus do vinho); Baco (dos famosos bacanais). Muitas vezes é comparado aos deuses caçadores; ou ainda, a Tupã (Pajé, Caboclo).
Pan, antiqüíssima divindade pelágica especial à Arcádia (uma região rural), morada do Deus Pan. É o guarda dos rebanhos que ele tem por missão fazer multiplicar. Deus dos bosques e dos pastos, protetor dos pastores, veio ao mundo com chifres, orelhas e pernas de bode. Pan é filho de Mercúrio. Era bastante natural que o mensageiro dos deuses, sempre considerado intermediário, estabelecesse a transição entre os deuses de forma humana e os de forma animal. Parece, contudo, que o nascimento de Pan provocou certa emoção em sua mãe, que ficou assustadíssima com tão esquisita conformação. As más línguas dizem que, quando Mercúrio apresentou o filho aos demais deuses, todo o Olimpo desatou a rir.
“Mercúrio chegou à Arcádia, que era fecunda em rebanhos. Ali se estende o campo sagrado de Cilene; nesses páramos, ele, deus poderoso, guardou as alvas orelhas de um simples mortal, pois concebera o mais vivo desejo de se unir a uma bela ninfa, filha de Dríops. Realizou-se enfim o doce himeneu. A jovem ninfa deu à luz o filho de Mercúrio, menino esquisito, de pés de bode e testa armada de dois chifres. Ao vê-lo, a nutriz abandona-o e foge. Espantam-na aquele olhar terrível e aquela barba tão espessa. Mas o benévolo Mercúrio, recebendo-o imediatamente, colocou-o no colo, rejubilante. Chega assim à morada dos imortais, ocultando cuidadosamente o filho na pele aveludada de uma lebre. Depois, apresenta-lhes o menino. Todos os imortais se alegram, sobretudo Baco, e dão-lhe o nome de Pan, visto que para todos constituiu objeto de diversão.”
As ninfas zombavam incessantemente do pobre Pan, por causa do seu rosto repulsivo, e o infeliz deus, ao que se diz, tomou a decisão de nunca amar. Mas Cupido é cruel, e afirma uma tradição que Pan, desejando um dia lutar corpo a corpo com ele, foi vencido e abatido diante das ninfas que riam.
Uma vez, ouvi um flautista contar com sua música uma história linda: a história do amor do Deus Pan, pela ninfa Sirinx. Ele disse que Pan se apaixonou pela ninfa, mas não foi correspondido. Sendo assim, Sirinx vivia fugindo do deus metade homem metade bode, até que se escondeu dele em um lago e se afogou. No lugar da sua morte, nasceram hastes de junco que Pan cortou e transformou em uma flauta de sete tubos, a qual se tornou um atributo dele. Sirinx, então, imortalizava-se.
Pan também era o deus da fertilidade, da sexualidade masculina desenfreada e do desejo carnal. Como o nome do deus significava “tudo”, no mais amplo sentido da natureza, a raiz, a fertilidade, Pan passou a ser considerado um símbolo do Universo e a personificação da Natureza; e, mais recentemente, representante de todos os deuses.
Celebrar a Pan é celebrar a sexualidade de maneira primal, a bebida e a boa música. O que hoje conhecemos como pânico tem sua origem no nome desse deus. A justificativa é que existia o mito de que quem morava próximo às florestas era perseguido à noite pelo deus. Dessa forma, o temor irracional que era atribuído a esse evento ficou conhecido como pânico.
Os romanos tinham um panteão de deuses que foi, em sua maioria, “herdado” da cultura grega. Portanto, quase todos os deuses romanos possuem seus correspondentes gregos.
Sylvanus e Faunus eram divindades latinas cujas características são muito parecidas com as de Pan, que nós podemos considerá-las como o mesmo personagem com nomes diferentes.
Faunos
Entre os romanos, faunos eram deidades de florestas selvagens com pequenos chifres, pernas de cabra e um pequeno rabo. Eles acompanhavam o deus Faunus, eram alegres, habilidosos, e viviam sempre cantando e se divertindo. Faunos são análogos aos sátiros gregos.
Era o deus da natureza selvagem e da fertilidade, também considerado o doador dos oráculos. Ele foi identificado depois com o Pan grego e também assumiu algumas das características de Pan, como os chifres e as pernas de cabra. Como o protetor dos rebanhos, ele também é chamado Lupercus (”aquele que protege dos lobos”).
Uma tradição particular conta que Faunus era o rei de Latium, o filho de Picus e neto do deus Saturno. Depois de sua morte, ele foi divinizado como Fatuus, e surgiu um culto pequeno em torno da sua pessoa, na floresta sagrada de Tibur (Tivoli). Em 15 de fevereiro (a data de fundação do templo), seu festival, o Lupercalia, era célebre. Padres (chamados Luperci) vestiam peles de cabra e caminhavam pelas ruas de Roma batendo nos espectadores com cintos feitos de pele de cabra. Outro festival era o Faunalia.
Ele é acompanhado pelos faunos, análogos aos sátiros gregos. Sua contraparte feminina é a Fauna.
Para os cristãos, os chifres representam o Demônio, o cordeiro ou cabrito, que era sacrificado em redenção do pecado. Mas os chifres sempre foram sinais de algo Divino. Na Babilônia, o grau de importância dos deuses era identificado pelo número de chifres atribuídos a eles. Moisés fora representado plasticamente com chifres na testa, bem como o próprio Alexandre, o Grande, encomendara uma pintura do seu retrato, mostrando-se com chifres de carneiro na testa.
Os antigos judeus conheciam esse simbolismo, recebido das mitologias circunvizinhas. Se’irim geralmente pode ser traduzido por bode. Habitam os lugares altos, os desertos, as ruínas… No Gênesis, lemos que os filhos de Jacó degolaram um bode para com seu sangue manchar a túnica de José (Gn. 37:31).
O termo vulgar “bode” é designado pela mesma palavra que se emprega em outras partes para designar um sátiro. A palavra hebraica sa’ir significa propriamente “o peludo” e se aplica tanto ao bode como a qualquer outro sátiro, demônio ou divindade inferior, na mentalidade popular.
O bode representa um dos deuses subalternos do grande Azazel, deus ou temível príncipe dos demônios do deserto. Freqüentemente mencionado pelos apócrifos, Azazel só aparece na Bíblia em uma oportunidade, na descrição do rito de expiação:
“O sumo sacerdote receberá da comunidade dos filhos de Israel dois bodes destinados ao sacrifício pelo pecado… Lançará a sorte sobre os dois bodes, atribuindo uma sorte a Iahweh e outra a Azazel. Aarão oferecerá o bode sobre o qual caiu a sorte para Iahweh e fará com ele um sacrifício pelo pecado. Quanto ao bode sobre o qual caiu a sorte para Azazel, será colocado vivo diante de Iahweh para fazer com ele o rito de expiação, a fim de ser enviado a Azazel, no deserto. ( …) Aarão porá ambas as mãos sobre a cabeça do bode e confessará sobre ele todas as faltas dos filhos de Israel, todas as suas transgressões e todos os seus pecados. E depois de tê-los assim posto sobre a cabeça do bode, irá enviá-lo ao deserto, conduzido por um homem preparado para isso, e o bode levará sobre si todas as faltas deles para uma região desolada”. (Lv. 16: 5-8 e 10:21s).
Para os Celtas, o Deus Cornífero
O Deus Cornífero é representado por um ser com cabeça humana, chifres e pernas de cabra ou cervo. Ele é o guardião das entradas e do círculo mágico que é traçado para se começar o ritual. É o deus pagão dos bosques, o rei do carvalho e senhor das matas. É o deus que morre e sempre renasce. Seus ciclos de morte e vida representam nossa própria existência.
Mas por que essa imagem diabólica tão horripilante? O chifre apresentava conotação sagrada, como um sinal “divino”, desde dez mil anos a.C., no período Paleolítico, representando também fertilidade e vitalidade. Acreditava-se que os chifres recebiam poderes especiais vindos das estrelas e dos céus.
Existem várias versões do Deus Cornífero, como o Deus Cernunnos (versão celta e galo-romana), Pan “Grécia”, Osíris e outros. Na religião pagã Wicca, criada por Gerald
Gardner, acredita-se que o Deus Cornífero seja o guardião das entradas e do círculo dos ritos.
Confundido no Cristianismo (propositalmente ou não) com o “Diabo”, por sua estranha aparência, o Deus Cornífero nasce e morre todos os dias, tentando ensinar os segredos da morte e da vida.
Segundo a Wicca, o Deus Cornífero nasceu da grande Deusa, divindade suprema para os wiccanianos, representada por várias faces. Acredita-se que a Deusa começou a ser cultuada entre 35 a 10 mil anos antes de Cristo, pois arqueólogos encontraram várias estatuetas de figuras humanas representando mulheres grávidas.
Uma das versões do Deus Cornífero é a que o considera protetor dos pastores e dos rebanhos. Deus Osíris – considerado pelos egípcios o deus da agricultura e da vida para além da morte.
Em algumas cavernas da França, foram encontradas pinturas do período Paleolítico, com homens fantasiados de veado, representando o Deus Cernunnos. Muitas vezes, ele era representado em imagens, acompanhado de uma serpente, e em tempos mais modernos, com uma bolsa cheia de moedas.
Nada foi relacionado a um ser infernal. Nos dias atuais, em que imaginamos o Diabo ou um ser infernal, o que nos vem à mente é uma imagem demoníaca, um ser com chifres e pernas de cabra. Ninguém pode afirmar ao certo a imagem de um ser obscuro, ele pode ser apenas uma força negativa invisível, sem aparência.
Existiu conspiração religiosa na imagem do Deus Cernunnos? Teriam criado essa farsa apenas para acabar com as antigas religiões? Não se sabe isso ao certo, pois não foram encontradas muitas coisas escritas sobre o Deus Cernunnos, e sim muitas imagens e estátuas. Geralmente, ele é representado sentado e de pernas cruzadas, talvez assumindo a posição de um xamã.
Considerado também o deus da caça e da floresta, hoje é um deus ou ser divino quase esquecido, lembrado apenas nas religiões pagãs.
Exu – O Orixá Fálico
Exu também tem os seguintes epítetos ou atributos: Exu Lonan, o Senhor dos Caminhos; Exu Osije-Ebo, o Mensageiro Divino; Exu Bará, o Senhor (do movimento) do Corpo; Exu Odara, Senhor da Felicidade; Exu Eleru, o Senhor da Obrigação Ritual; Exu Yangi, o Senhor da Laterita Vermelha; Exu Elegbara, o Senhor do Poder da Transmutação; Exu Agba, aquele que é o ancestral; Exu Inã, o Senhor do Fogo.
Exu é o Orixá que rege o jogo de Búzios, uma modalidade divinatória. Diz um mito que Exu é o único Orixá que tinha esse poder, mas decidiu compartilhá-lo com Ifá em troca de receber as oferendas e pedidos antes de qualquer outro Orixá.
É o mensageiro dos deuses, seu poder é o de receber e transportar os pedidos e oferendas dos seres humanos ao Orum, o Mundo dos Deuses. É o Senhor dos Caminhos, das encruzilhadas, das trocas comerciais e de todo tipo de comunicação. Ele representa também a fertilidade da vida, os poderes sexual, reprodutivo e gerativo. Não podemos nos esquecer de que o sexo, diferentemente do que os cristãos dizem (uma coisa de luxúria, de pecado), é na verdade um ATO SAGRADO. Talvez por isso, por ele ser o poder sexual, os cristãos o comparem com o Demônio.
Quando pergunto a qualquer pessoa se Deus é onipresente, onisciente e onipotente, e elas normalmente respondem que sim, concluo com a seguinte pergunta: Então, quem é o Diabo? Elas ficam sem resposta… Ora, esse Demônio, tão difundido pelas religiões judaico-cristãs, não existe. O conceito de bem ou mal é relativo, está intrinsecamente ligado ao ser humano, dentro de cada um de nós e não fora.
O Diabo só existe dentro de nossos corações frágeis e reina naqueles que não dominam suas emoções e navegam conforme a maré dos acontecimentos, sem rumo certo. Sem falar que normalmente a figura do Senhor Exu é colocada com chifres, rabo, pintado de vermelho, imagem bem parecida com a que os cristãos “desenham” o Diabo… Então, Exu nada tem em comum com o diabo lúdico, e as esquisitas estátuas comercializadas e utilizadas arbitrariamente em terreiros são frutos da imaginação de visionários que não enxergam nada além das manifestações dos baixos sentimentos em formas deprimentes, nos seres que lhes são afins. Exu poderia ser comparado a Príapo, a Hermes, a Mercúrio, deuses mensageiros ou protetores da sexualidade masculina, nunca ao Demônio cristão.
Laroiê, Senhor Exu! (”Ninguém tira a saúde e a riqueza”).
MITOLOGIA ROMANA
Mitologia Romana
Os romanos ultrapassaram todos os outros povos na sabedoria singular de compreender que tudo está subordinado ao governo e direção dos deuses. Sua religião, porém, não se baseou na graça divina e sim na confiança mútua entre Deuses e Homens; e seu objetivo era garantir a cooperação e a benevolência dos deuses para com os homens e manter a paz entre eles e a comunidade. Entende-se por religião romana o conjunto de crenças, práticas e instituições religiosas dos romanos no período situado entre o século VIII a.C. e o começo do século IV da era cristã. Caracterizou-se pela estrita observância de ritos e cultos aos deuses, de cujo favor dependiam a saúde e a prosperidade, colheitas fartas e sucesso na guerra. A piedade, portanto, não era compreendida em termos de experiência religiosa individual e sim da fiel realização dos deveres rituais aos deuses, concebidos como poderes abstratos e não como Divindades Antropomórficas. Um traço característico dos romanos foi seu sentido prático e a falta de preocupações filosóficas acerca da natureza ou da divindade. Seus preceitos religiosos não incorporaram elementos morais, mas consistiram apenas de diretrizes para a execução correta dos rituais. Também não desenvolveram uma mitologia imaginativa própria sobre a origem do universo e dos deuses; seu caráter legalista e conservador contentou-se em cumprir com toda exatidão os ritos tradicionalmente prescritos, organizados como atividades sociais e cívicas. O ceticismo religioso chegou a ser uma atitude predominante na sociedade romana em face das guerras e calamidades, que os deuses, apesar de todas as cerimônias e oferendas, não conseguiam afastar. O historiador Tacitus comentou amargamente que a tarefa dos deuses era castigar e não salvar o povo romano. A índole prática dos romanos manifestou-se também na política de conquistas, ao incorporar ao próprio panteão os deuses dos povos vencidos. Sem teologia elaborada, a religião romana não entrava em contradição com essas deidades, nem os romanos tentaram impor aos conquistados uma doutrina própria. Durante a república, no entanto, foi proibido o ensino da Filosofia Grega, porque os filósofos eram considerados inimigos da ordem estabelecida. Os valores dominantes da cultura romana não foram o pensamento ou a religião, mas a retórica e o direito. Com as crises econômicas e sociais que atingiram o mundo romano, a antiga religião não respondeu mais às inquietações espirituais de muitos e, a partir do século III a.C., começaram a se difundir religiões orientais de rico conteúdo mitológico e forte envolvimento pessoal, mediante ritos de iniciação, doutrinas secretas e sacrifícios cruentos. Nesse ambiente verificou-se mais tarde a chegada dos primeiros cristãos, entre eles os apóstolos Pedro e Paulo, com uma mensagem ética de amor e salvação. O cristianismo conquistou o povo, mas seu irrenunciável monoteísmo chocou-se com as cerimônias religiosas públicas, nas quais se baseava a coesão do estado, e em especial com o culto ao imperador. Depois de sofrer numerosas perseguições, o cristianismo foi reconhecido pelo imperador Constantinus I no ano 313 d.C. São escassas as fontes que permitem reconstruir a vida da primitiva Roma, pequena cidade-estado que se formou por volta do século VIII a.C. A descrição mais antiga é do historiador romano Marcus Terencius Varrão, do século I a.C., mas seu testemunho já mostra a grande influência da Cultura Grega , que motivou a reinterpretação da tradição religiosa. No período de formação original, a religião dos romanos já apresentava características utilitárias, em que as preocupações se centravam na satisfação das necessidades materiais, como boas colheitas e a prosperidade da família e do estado em tempo de paz e de guerra. Entre os deuses mais importantes dessa época estão Júpter, deus do céu, o maior deles; Marte, deus da guerra; Quirino, protetor da paz, identificado depois com Romulus; e Juno, cuja função principal era dirigir a vida das mulheres. Outras deidades menores eram figuras vagas de funções limitadas e claramente definidas. Como os deuses maiores, tinham poderes sobrenaturais e, pelo culto adequado, podiam ser induzidos a empregá-los em benefício dos adoradores. A curiosidade dos romanos, porém, não passava desse ponto: os deuses não tinham mitos, não formavam casais e não tinham filhos. Os romanos não tinham também uma casta sacerdotal; seus ritos eram executados com meticulosa exatidão por chefes de família ou magistrados civis. Essas atividades clericais, porém, eram reguladas por colégios sacerdotais. Na segunda metade do século VI a.C., os Etruscos conquistaram a cidade de Roma e introduziram nas práticas religiosas o culto às estátuas dos deuses, os templos, a adivinhação mediante o escrutínio das entranhas de animais sacrificados e do fogo e maior solenidade nos ritos funerários. O primitivo calendário religioso lunar, de dez meses, foi substituído pelo calendário solar de 12 meses. Nesse período ocorreu a incorporação de deuses que não eram apenas etruscos. Júpiter ganhou como consortes Juno e Minerva, uma união que resultou da influência grega, já que as duas deusas foram identificadas como Hera e Atena, mulher e filha de Zeus. Vênus e Diana surgiram de fontes italianas. Entre os deuses incorporados ao panteão romano por influência etrusca estão Vulcano, deus do fogo, e Saturno, divindade de funções originais obscuras. O Período Republicano do século V ao século I a.C., caracterizou-se pela ampliação da influência da cultura grega, cujos mitos revitalizaram os deuses romanos ou introduziram novas divindades, como Apolo, que não tinha um equivalente romano geralmente reconhecido, e Esculápio. Outro costume importado da Grécia foi convidar os deuses para o banquete sagrado, o Lectisternium, no qual eram representados por suas estátuas e associados em casais, como Júpiter e Juno, Marte e Vênus etc. As figuras juntas nos banquetes formaram o grupo grego popular e típico de 12 deuses. Foram introduzidos ainda cultos orgiásticos do Oriente Médio, como o da deusa Cibele, a Grande Mãe, e o de Dionisio, que em Roma foi identificado como Baco. O imperador Augustus quis reavivar os cultos tradicionais - ele mesmo foi divinizado após a morte - e reconstruir os templos antigos. A crescente demanda por uma religião mais pessoal, porém, que nem as religiões tradicionais gregas nem as romanas eram capazes de satisfazer, foi atendida por vários cultos do Oriente Médio, que prometiam a seus seguidores o favor pessoal da divindade e mesmo a imortalidade se certas condições fossem atendidas, entre elas a iniciação secreta em ritos misteriosos. O primeiro deles foi o de Ísis que, embora de origem egípcia, sofreu modificações em sua passagem pela Grécia. Depois veio o culto de Atis, consorte da Grande Mãe, e por último o de Mitra, de origem Persa, que se tornou o predileto dos soldados romanos. No último período do Império Romano, desenvolveu-se de forma particular o culto ao Sol, e o imperador, Aurelianus proclamou como suprema divindade de Roma o Sol Invicto. Mas essas tentativas de reavivar uma religião que sempre servira aos interesses do estado fracassaram, ante a expansão do Cristianismo que, em 391, foi declarado religião oficial do estado pelo imperador Theodosius I, que suprimiu o culto tradicional.
Os romanos ultrapassaram todos os outros povos na sabedoria singular de compreender que tudo está subordinado ao governo e direção dos deuses. Sua religião, porém, não se baseou na graça divina e sim na confiança mútua entre Deuses e Homens; e seu objetivo era garantir a cooperação e a benevolência dos deuses para com os homens e manter a paz entre eles e a comunidade. Entende-se por religião romana o conjunto de crenças, práticas e instituições religiosas dos romanos no período situado entre o século VIII a.C. e o começo do século IV da era cristã. Caracterizou-se pela estrita observância de ritos e cultos aos deuses, de cujo favor dependiam a saúde e a prosperidade, colheitas fartas e sucesso na guerra. A piedade, portanto, não era compreendida em termos de experiência religiosa individual e sim da fiel realização dos deveres rituais aos deuses, concebidos como poderes abstratos e não como Divindades Antropomórficas. Um traço característico dos romanos foi seu sentido prático e a falta de preocupações filosóficas acerca da natureza ou da divindade. Seus preceitos religiosos não incorporaram elementos morais, mas consistiram apenas de diretrizes para a execução correta dos rituais. Também não desenvolveram uma mitologia imaginativa própria sobre a origem do universo e dos deuses; seu caráter legalista e conservador contentou-se em cumprir com toda exatidão os ritos tradicionalmente prescritos, organizados como atividades sociais e cívicas. O ceticismo religioso chegou a ser uma atitude predominante na sociedade romana em face das guerras e calamidades, que os deuses, apesar de todas as cerimônias e oferendas, não conseguiam afastar. O historiador Tacitus comentou amargamente que a tarefa dos deuses era castigar e não salvar o povo romano. A índole prática dos romanos manifestou-se também na política de conquistas, ao incorporar ao próprio panteão os deuses dos povos vencidos. Sem teologia elaborada, a religião romana não entrava em contradição com essas deidades, nem os romanos tentaram impor aos conquistados uma doutrina própria. Durante a república, no entanto, foi proibido o ensino da Filosofia Grega, porque os filósofos eram considerados inimigos da ordem estabelecida. Os valores dominantes da cultura romana não foram o pensamento ou a religião, mas a retórica e o direito. Com as crises econômicas e sociais que atingiram o mundo romano, a antiga religião não respondeu mais às inquietações espirituais de muitos e, a partir do século III a.C., começaram a se difundir religiões orientais de rico conteúdo mitológico e forte envolvimento pessoal, mediante ritos de iniciação, doutrinas secretas e sacrifícios cruentos. Nesse ambiente verificou-se mais tarde a chegada dos primeiros cristãos, entre eles os apóstolos Pedro e Paulo, com uma mensagem ética de amor e salvação. O cristianismo conquistou o povo, mas seu irrenunciável monoteísmo chocou-se com as cerimônias religiosas públicas, nas quais se baseava a coesão do estado, e em especial com o culto ao imperador. Depois de sofrer numerosas perseguições, o cristianismo foi reconhecido pelo imperador Constantinus I no ano 313 d.C. São escassas as fontes que permitem reconstruir a vida da primitiva Roma, pequena cidade-estado que se formou por volta do século VIII a.C. A descrição mais antiga é do historiador romano Marcus Terencius Varrão, do século I a.C., mas seu testemunho já mostra a grande influência da Cultura Grega , que motivou a reinterpretação da tradição religiosa. No período de formação original, a religião dos romanos já apresentava características utilitárias, em que as preocupações se centravam na satisfação das necessidades materiais, como boas colheitas e a prosperidade da família e do estado em tempo de paz e de guerra. Entre os deuses mais importantes dessa época estão Júpter, deus do céu, o maior deles; Marte, deus da guerra; Quirino, protetor da paz, identificado depois com Romulus; e Juno, cuja função principal era dirigir a vida das mulheres. Outras deidades menores eram figuras vagas de funções limitadas e claramente definidas. Como os deuses maiores, tinham poderes sobrenaturais e, pelo culto adequado, podiam ser induzidos a empregá-los em benefício dos adoradores. A curiosidade dos romanos, porém, não passava desse ponto: os deuses não tinham mitos, não formavam casais e não tinham filhos. Os romanos não tinham também uma casta sacerdotal; seus ritos eram executados com meticulosa exatidão por chefes de família ou magistrados civis. Essas atividades clericais, porém, eram reguladas por colégios sacerdotais. Na segunda metade do século VI a.C., os Etruscos conquistaram a cidade de Roma e introduziram nas práticas religiosas o culto às estátuas dos deuses, os templos, a adivinhação mediante o escrutínio das entranhas de animais sacrificados e do fogo e maior solenidade nos ritos funerários. O primitivo calendário religioso lunar, de dez meses, foi substituído pelo calendário solar de 12 meses. Nesse período ocorreu a incorporação de deuses que não eram apenas etruscos. Júpiter ganhou como consortes Juno e Minerva, uma união que resultou da influência grega, já que as duas deusas foram identificadas como Hera e Atena, mulher e filha de Zeus. Vênus e Diana surgiram de fontes italianas. Entre os deuses incorporados ao panteão romano por influência etrusca estão Vulcano, deus do fogo, e Saturno, divindade de funções originais obscuras. O Período Republicano do século V ao século I a.C., caracterizou-se pela ampliação da influência da cultura grega, cujos mitos revitalizaram os deuses romanos ou introduziram novas divindades, como Apolo, que não tinha um equivalente romano geralmente reconhecido, e Esculápio. Outro costume importado da Grécia foi convidar os deuses para o banquete sagrado, o Lectisternium, no qual eram representados por suas estátuas e associados em casais, como Júpiter e Juno, Marte e Vênus etc. As figuras juntas nos banquetes formaram o grupo grego popular e típico de 12 deuses. Foram introduzidos ainda cultos orgiásticos do Oriente Médio, como o da deusa Cibele, a Grande Mãe, e o de Dionisio, que em Roma foi identificado como Baco. O imperador Augustus quis reavivar os cultos tradicionais - ele mesmo foi divinizado após a morte - e reconstruir os templos antigos. A crescente demanda por uma religião mais pessoal, porém, que nem as religiões tradicionais gregas nem as romanas eram capazes de satisfazer, foi atendida por vários cultos do Oriente Médio, que prometiam a seus seguidores o favor pessoal da divindade e mesmo a imortalidade se certas condições fossem atendidas, entre elas a iniciação secreta em ritos misteriosos. O primeiro deles foi o de Ísis que, embora de origem egípcia, sofreu modificações em sua passagem pela Grécia. Depois veio o culto de Atis, consorte da Grande Mãe, e por último o de Mitra, de origem Persa, que se tornou o predileto dos soldados romanos. No último período do Império Romano, desenvolveu-se de forma particular o culto ao Sol, e o imperador, Aurelianus proclamou como suprema divindade de Roma o Sol Invicto. Mas essas tentativas de reavivar uma religião que sempre servira aos interesses do estado fracassaram, ante a expansão do Cristianismo que, em 391, foi declarado religião oficial do estado pelo imperador Theodosius I, que suprimiu o culto tradicional.
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
TRISTÃO E ISOLDA
Tristão, filho de Rivalen, rei de Loonois, e Blanchefleur, irmã de Marc, rei da Cornualhas. Recebeu este nome, pois sua mãe encontrava-se em profunda tristeza pela morte de seu marido. Foi educado por Rohalt, e acreditava que este era seu pai. Aprendeu com Gorvenal todas as coisas que um cavaleiro deve saber. Quando jovem, foi raptado por mercadores irlandeses, que o deixaram nas Cornualhas, onde conheceu o rei Marc, sem saber que este era seu tio e vice-versa. Depois de muito procurar Tristão, Rohalt encontra-o, e conta-lhe que seu verdadeiro pai era Rivalen e sua mãe, Blanchefleur, irmã de Marc. Voltou então a sua terra, reconquistou-a, deixando-a para Rohalt; e volta para junto do rei Marc (que já sabia que ele era seu sobrinho), levando consigo apenas Gorvenal.
Para salvar Marc de uma dívida, lutou com gigante Morholt da Irlanda. Ficou ferido mortalmente, e pediu ao rei que o colocasse sozinho em um barco com sua harpa, e que o deixasse morrer em mar aberto. Foi, então, encontrado no porto de Weisefort, terra de Morholt. Sem saber, Isolda, a Loura, curou-o de seus ferimentos. Ninguém o reconheceu, pois o ferimento deformou seu rosto, e antes que fosse reconhecido, foi embora, voltando para o rei Marc.
O rei não queria casar-se, para poder deixar tudo para Tristão, mas quatro barões, que não gostavam de Tristão, exigiam o casamento do rei. Então, ao pegar um fio de cabelo louro, mandou que buscassem a dona dele, e esta seria a sua esposa. Tristão, lembrando-se de Isolda, foi buscá-la.
Foi a Weisefort, com cem homens, aportando lá, souberam da existência de um dragão, e quem o matasse, receberia a mão da filha do rei, Isolda, a Loura. Tristão matou a dragão, mas ficou ferido pelo seu veneno, e novamente Isolda o curou. Só que desta vez ela soube quem ele era. Mesmo assim, o rei da Irlanda, com a palavra empenhada, entregou sua filha a Tristão. Isolda fica perturbada e surpresa ao saber que seu futuro marido seria o rei Marc, e não Tristão.
No caminho às Cornualhas, Tristão e Isolda tomam uma poção que os faz ficar apaixonados (tal poção fora dada pela mãe de Isolda, aos cuidados de Brangien). E, era para ser tomada por Marc e Isolda na noite de núpcias, pois quem dela tomasse, amariam-se com todos os sentidos e pensamentos, para sempre, na vida e na morte. Isolda casa-se com o rei Marc, mas na noite de núpcias, Brangien toma seu lugar. Mas, os quatro barões invejosos desconfiam dos amantes, e contam ao rei, e mesmo sem nada flagrar, o rei manda Tristão embora. Este não consegue ir e hospeda-se perto do castelo, encontrando-se as escondidas com a rainha. Os barões percebem e contam ao rei o lugar e a hora do encontro. Marc vai até lá, mas os amantes percebem a sua presença, e com palavras sábias convencem o rei do contrário. O rei faz as pazes com Tristão e deixa que ele volte ao castelo. Mesmo assim, os barões insistem no fato, e dizem ao rei que este não vê porque não quer. Com a ajuda de Frocin,o anão vidente, flagram Tristão com a rainha em seu leito. Tristão, ainda assim, jura nunca ter amado a rainha com amor culpável, mas o rei não acredita, e manda matá-los, sem julgamento. Tristão, com a ajuda de Deus, consegue fugir e Isolda é entregue aos leprosos. Mas, Tristão consegue salvá-la e a leva para morar na floresta: eram fugitivos.
Ficam na floresta durante muito tempo, até que um dia, um Monteiro os encontra e vai contar ao rei. Este vai até o local e encontra os dois deitados juntos, com uma espada nua separando seus corpos (isso significa garantia e guarda de castidade), o rei tem compaixão e não os mata, mas faz com que eles saibam que ele esteve ali e os viu. Ao acordarem, percebem que tinham sido descobertos, fogem, mas ficam intrigados com a atitude do rei, e chegam a conclusão que haviam sido perdoados. Resolvem então voltar, e Tristão entrega Isolda ao rei, e este a aceita, mas manda Tristão embora, a conselho dos barões. Antes de ir, Isolda pede de lembrança o cão Husdent de Tristão e lhe dá o anel de jaspe verde, presente de Marc, o qual deveria ser mostrado a ela, caso Tristão quisesse dar-lhe algum recado.
Kaherdin foi, levando o anel. Tristão pediu-lhe ainda que levasse duas bandeiras, uma preta e outra branca, e que na sua volta içasse a branca , se Isolda viesse, e a preta caso contrário. Ao ver o anel, Isolda, a Loura, fugiu com Kaherdin. Tristão definhava. Isolda demorou-se por causa de várias tempestades, mas finalmente estavam chegando com a vela branca içada. Isolda das Brancas Mãos disse a Tristão que Kaherdin estava chegando, e este perguntou qual a cor da bandeira asteada, e ela, maldosamente, respondeu que era preta. Depois de ouvir isto Tristão morre.
Para salvar Marc de uma dívida, lutou com gigante Morholt da Irlanda. Ficou ferido mortalmente, e pediu ao rei que o colocasse sozinho em um barco com sua harpa, e que o deixasse morrer em mar aberto. Foi, então, encontrado no porto de Weisefort, terra de Morholt. Sem saber, Isolda, a Loura, curou-o de seus ferimentos. Ninguém o reconheceu, pois o ferimento deformou seu rosto, e antes que fosse reconhecido, foi embora, voltando para o rei Marc.
O rei não queria casar-se, para poder deixar tudo para Tristão, mas quatro barões, que não gostavam de Tristão, exigiam o casamento do rei. Então, ao pegar um fio de cabelo louro, mandou que buscassem a dona dele, e esta seria a sua esposa. Tristão, lembrando-se de Isolda, foi buscá-la.
No caminho às Cornualhas, Tristão e Isolda tomam uma poção que os faz ficar apaixonados (tal poção fora dada pela mãe de Isolda, aos cuidados de Brangien). E, era para ser tomada por Marc e Isolda na noite de núpcias, pois quem dela tomasse, amariam-se com todos os sentidos e pensamentos, para sempre, na vida e na morte. Isolda casa-se com o rei Marc, mas na noite de núpcias, Brangien toma seu lugar. Mas, os quatro barões invejosos desconfiam dos amantes, e contam ao rei, e mesmo sem nada flagrar, o rei manda Tristão embora. Este não consegue ir e hospeda-se perto do castelo, encontrando-se as escondidas com a rainha. Os barões percebem e contam ao rei o lugar e a hora do encontro. Marc vai até lá, mas os amantes percebem a sua presença, e com palavras sábias convencem o rei do contrário. O rei faz as pazes com Tristão e deixa que ele volte ao castelo. Mesmo assim, os barões insistem no fato, e dizem ao rei que este não vê porque não quer. Com a ajuda de Frocin,o anão vidente, flagram Tristão com a rainha em seu leito. Tristão, ainda assim, jura nunca ter amado a rainha com amor culpável, mas o rei não acredita, e manda matá-los, sem julgamento. Tristão, com a ajuda de Deus, consegue fugir e Isolda é entregue aos leprosos. Mas, Tristão consegue salvá-la e a leva para morar na floresta: eram fugitivos.
Isolda, para provar sua inocência perante a corte, faz um teste que consistia em segurar um ferro em brasa e sair com as mãos ilesas, depois do juramento. Ela passa. Depois disto, Tristão ainda não conseguiu ir embora, e toda a noite ia até um pinheiro, perto da janela da rainha, e cantava como um rouxinol, até que ela viesse ao seu encontro. Mas os barões desconfiam e ele tem de ir embora. Vai para Gales com Gorvenal, para as terras de Gilain. Esta fazia tudo para agradá-lo, mas era em vão. Então Gilain mostrou-lhe um cão mágico, Petit-Crû, que trazia preso no pescoço um guizo mágico que espantava todas as tristezas. Tristão pensou em Isolda, e quis dar-lhe o cão de presente, e para conseguir isto matou o gigante Organ. Mandou Petit-Crû para a rainha e ela recebeu como se fosse presente de sua mãe. Realmente o cão alegrou-a, mas não achou justo somente Tristão sofrer, e jogou o guizo em alto mar.
Tristão tentava fugir de sua dor correndo o mundo. E sem receber notícias de Isolda achou que ela o tinha esquecido. Chegou na Bretanha. Recuperou as terras do duque Höel, o qual tinha um filho, Kaherdin, e uma filha, Isolda, das Brancas Mãos, a qual o duque lhe deu a mão como recompensa. Num ímpeto, Tristão aceita, mas na noite de núpcias, ao ver o anel de jaspe verde, lembra-se da outra Isolda e não consuma o casamento. Kaherdin fica sabendo do fato e toma satisfações com ele, que conta toda a sua história. Isolda, a Loura, fica sabendo do casamento e chora.
Kaherdin perdoa Tristão e vai com ele até as Cornualhas, para obterem notícias de Isolda. Lá chegando manda uma mensagem para a rainha, através de Dimas. Esta, ao ver o anel de jaspe verde, fala com Dimas, que lhe conta que mesmo casado, Tristão nunca lhe traíra. Marcam um encontro na estrada, nos espinheiros. Tristão ao ver a rainha, assobia como um pássaro, esta reconhece o canto, e marca um encontro no castelo de Saint-Lubin. Mas, eis que, um escudeiro, chamado Bleheri, vê Kaherdin e Gorvenal, e confunde Kaherdin com Tristão, por causa do escudo. Chamou-o, mas estes assustados, fogem. O escudeiro conta o fato a rainha, que irritada e ofendida, manda desmarcar o encontro. Tristão tenta justificar-se, mas Isolda não acredita. Ele, então vai atrás dela, disfarçado de mendigo, e pede sua clemência. Isolda o reconhece, mas mando os empregados enxotá-lo. Tristão volta para a Bretanha desolado, e a rainha se arrepende.
Ao chegar, Isolda fica sabendo do ocorrido e vai até ele, deita-se junto a ele, beija-o na boca e no rosto, abraça-o forte e morre. Quando o rei Marc sabe da morte dos dois, vai até a Bretanha buscar seus corpos. Sepulta-os separados por uma capela. Mas durante a noite, da tumba de Tristão brota um espinheiro verde, com flores perfumadas e elevou-se por cima da capela até o túmulo de Isolda, três vezes o cortaram, três vezes ele voltou. E, sendo assim, resolveram deixá-los em paz.
PERSEU E MEDUSA
De acordo com o estudioso alexandrino Apolodoro, Perseu, o lendário fundador de Micenas, nunca teria nascido se seu avô tivesse conseguido seu intento. Acrísio, rei de Argos, era pai de uma linda filha, Dânae, mas estava desapontado por não ter um filho. Quando consultou o oráculo sobre a ausência de um herdeiro homem, recebeu a informação que não geraria um filho, mas com o passar do tempo teria um neto, cujo destino era matar o avô. Acrísio tomou medidas extremas para fugir deste destino. Trancou Dânae no topo de uma torre de bronze, e lá permaneceu numa total reclusão até o dia em que foi visitada por Zeus na forma de uma chuva de ouro; assim deu à luz a Perseu. Acrísio ficou furioso, mas ainda achava que seu destino poderia ser evitado. Fez seu carpinteiro construir uma grande arca, dentro da qual Dânae foi forçada a entrar com seu bebê, sendo levados para o mar. Entretanto, conseguiram sobreviver às ondas, e após uma cansativa jornada a arca foi jogada nas praias de Sérifo, uma das ilhas das Ciclades. Dânae e Perseu foram encontrados e cuidados por um honesto pescador, Dictis, irmão do menos escrupuloso rei de Sérifo, Polidectes.
Com o passar do tempo, Polidectes apaixonou-se por Dânae, mas enquanto crescia Perseu protegeu ciumentamente sua mãe dos indesejados avanços do rei. Um dia, durante um banquete, Polidectes perguntou a seus convidados que presente cada um estava preparado a oferecer-lhe. Todos os outros prometeram cavalos, mas Perseu ofereceu-se a trazer a cabeça da górgone. Quando Polidectes o fez cumprir sua palavra, Perseu foi forçado a honrar sua oferta. As górgones eram em número de três, monstruosas criaturas aladas com cabelos de serpentes; duas eram imortais mas a terceira, Medusa, era mortal e assim potencialmente vulnerável; a dificuldade era que qualquer um que a olhasse se transformaria em pedra. Felizmente, Hermes veio em sua ajuda, e mostrou a Perseu o caminho das Gréias, três velhas irmãs que compartilhavam um olho e um dente entre si. Instruído por Hermes, Perseu conseguiu se apoderar do olho e do dente, recusando-se a devolvê-los até que as Gréias mostrassem o caminho até as Ninfas, que lhe forneceriam os equipamentos que necessitava para lidar com Medusa. As Ninfas prestimosamente forneceram uma capa de escuridão que permitiria a Perseu pegar a Medusa de surpresa, botas aladas para facilitar sua fuga e uma bolsa especial para colocar a cabeça imediatamente após a ter decepado. Hermes sacou uma faca em forma de foice, e assim Perseu seguiu completamente equipado para encontrar Medusa. Com a ajuda de Atena, que segurou um espelho de bronze no qual podia ver a imagem da górgone, ao invés de olhar diretamente para sua terrível face, conseguiu finalmente despachá-la. Acomodando a cabeça de modo seguro na sua bolsa, retornou rapidamente a Sérifo, auxiliado por suas botas aladas.
Ao sobrevoar a costa da Etiópia, Perseu viu abaixo uma linda princesa atada numa rocha. Esta era Andrômeda, cuja fútil mãe Cassiopéia tinha incorrido na ira de Posídon ao espalhar que era mais bonita do que as filhas do deus do mar Nereu. Para puni-la, Posídon enviou um monstro marinho para devastar o reino; apenas poderia ser parado se recebesse a oferenda da filha da rainha, Andrômeda, que foi assim colocada na orla marítima para esperar o terrível destino. Perseu apaixonou-se imediatamente, matou o monstro marinho e libertou a princesa. Os pais dela, em júbilo, ofereceram Andrômeda como esposa a Perseu, e os dois seguiram na jornada para Sérifo. Polidectes não acreditava que Perseu pudesse retornar, e deve ter sido bastante gratificante para Perseu observar o tirano ficar lentamente petrificado sob o olhar da cabeça da górgone. Perseu deu então a cabeça a Atena, que a fixou como um emblema no centro de seu protetor peitoral.
Perseu, Dânae e Andrômeda seguiram então juntos para Argos, onde esperavam se reconciliar com o velho rei Acrísio. Mas quando Acrísio soube desta vinda, fugiu da presença ameaçadora de seu neto, indo para a Tessália, onde, não conhecendo um ao outro, Acrísio e Perseu acabaram se encontrando nos jogos fúnebres do rei de Larissa. Aqui a previsão do oráculo que Acrísio temia se realizou, pois Perseu atirou um disco, o qual se desviou do curso e atingiu Acrísio enquanto estava entre os espectadores, matando-o instantaneamente.
Perseu com sensibilidade decidiu que não seria muito popular voltar a Argos e reivindicar o trono de Acrísio logo após tê-lo morto; assim, ao invés, fez uma troca de reinos com seu primo Megapentes. Megapentes se dirigiu a Argos enquanto Perseu governou Tirinto, onde é considerado como responsável pelas fortificações de Midéia e Micenas.
ORFEU E EURÍDICE
"Orfeu, filho de Apolo e da Musa Calíope, recebeu de seu pai, como presente, uma lira e aprendeu a tocar com tal perfeição que nada podia resistir ao encanto de sua música. Não somente os mortais, seus semelhantes, mas os animais abrandavam-se aos seus acordes e reuniam-se em torno dele, em transe, perdendo sua ferocidade. As próprias árvores eram sensíveis ao encanto, e até os rochedos. As árvores ajuntavam-se ao redor de Orfeu e as rochas perdiam algo de sua dureza, amaciadas pelas notas de sua lira.
Himeneu foi convocado para abençoar com sua presença o casamento de Orfeu e Eurídice, mas, embora tivesse comparecido, não levou consigo augúrios favoráveis. Sua própria tocha fumegou, fazendo lacrimejar os olhos dos noivos. Coincidindo com tais prognósticos, Eurídice, pouco depois do casamento, quando passeava com as ninfas, foi vista pelo pastor Aristeu, que, fascinado por sua beleza, tentou conquistá-la. Ela fugiu e, na fuga, pisou em uma cobra, foi mordida no pé e morreu. Orfeu cantou o seu pesar para todos quantos respiram na atmosfera superior, deuses e homens, e, nada conseguindo, resolveu procurar a esposa na região dos mortos. Desceu por uma gruta situada ao lado do promotório do Tenaro e chegou ao reino do Estige, atravessando o lago na barca guiada por Caronte. Passando através de multidões de fantasmas, apresentou-se diante do trono de Plutão e Prosérpina e acompanhado pela lira, cantou:
"Ó divindades do mundo inferior, para o qual todos nós que vivemos teremos que vir, ouvi minhas palavras, pois são verdadeiras. Não venho para espionar os segredos do Tártaro, nem para tentar experimentar minha força contra o cão de três cabeças que guarda a entrada. Venho à procura de minha esposa, a cuja mocidade o dente de uma venenosa víbora pôs fim prematuro. O Amor aqui me trouxe, o Amor, um deus todo-poderoso entre nós, que mora na Terra e, se as velhas tradições dizem a verdade, também mora aqui. Imploro-vos: uni de novo os fios da vida de Eurídice.Nós todos somos destinados a vós, por essas abóbadas cheias de terror, por estes reinos de silêncio, e, mais cedo ou mais tarde, passaremos ao vosso domínio. Também ela, quando tiver cumprido o termo de sua vida, será devidamente vossa. Até então, porém, deixai-a comigo, eu vos imploro. Se recusardes, não poderei voltar sozinho; triunfareis com a morte de nós dois.
Enquanto cantava estas ternas palavras, os próprios fantasmas derramavam lágrimas. Tântalo, apesar da sede, parou, por um momento seus esforços para conseguir água, a roda de Íxon ficou imóvel, o abutre cessou de despedaçar o fígado de Prometeu, as filhas de Danao descansaram do trabalho de carregar água em uma peneira e Sísifo sentou-se em seu rochedo para escutar. Então, pela primeira vez, segundo se diz, as faces da Fúrias umedeceram-se de lágrimas, Prosérpina não pôde resistir, e o próprio Hades cedeu. Eurícide foi chamada, e saiu do meio dos fantasmas, recém-vindos, coxeando, devido à ferida no pé. Orfeu teve a permissão de levá-la consigo, com uma condição: a de que não se voltaria para olhá-la, enquanto não tivessem chegado à atmosfera superior. Nessas condições, os dois saíram, Orfeu caminhando na frente e Eurídice, atrás, através de passagens escuras e íngremes, num silêncio absoluto, até quase atingirem as risonhas regiões do mundo superior, quando Orfeu, num momento de esquecimento, para certificar-se de que Eurídice o estava seguindo, olhou para trás, e Eurídice foi, então, arrebatada. Estendendo os braços, para se abraçarem, os dois apenas abraçaram o ar! Morrendo pela segunda vez, Eurídice não podia recriminar o marido, pois como haveria de censurar sua impaciência em vê-la?
- Adeus! - exclamou - Um último adeus!
E foi afastada, tão depressa, que o som mal chegou aos ouvidos de Orfeu. Ele tentou seguí-la, e procurou permissão para voltar e tentar outra vez libertá-la, mas o rude barqueiro repeliu-o e recusou passagem. Orfeu deixou-se ficar à margem do lago durante sete dias, sem comer nem dormir; depois, amargamente acusando de crueldade as divindades do Érebo, cantou seus lamentos aos rochedos e às montanhas, abrandando o coração dos tigres e afastando os carvalhos de seus lugares. Manteve-se alheio às outras mulheres, constantemente entregue à lembrança de seu infortúnio. As donzelas trácias fizeram tudo para seduzí-lo, mas ele as repeliu. Elas o perseguiram enquanto puderam, mas, vendo-o insensível, certo dia, excitada pelos ritos de Dionísio (*Baco*), uma delas exclamou: "Ali está aquele que nos despreza!" e lançou-lhe seu dardo. A arma, mal chegou ao alcance do som da lira de Orfeu, caiu inerme aos seus pés. O mesmo aconteceu com as pedras que lhe foram atiradas. As mulheres, porém, com sua gritaria, abafaram o som da música e Orfeu foi então atingido e, dentro em pouco, os projéteis estavam manchados de seu sangue. As furiosas mulheres despedaçaram o vate e atiraram sua lira e sua cabeça ao Rio Orfeu, pelo qual desceram ainda tocando e cantando a triste música, à qual as margens do rio respondiam com plangente sinfonia. As Musas ajuntaram os fragmentos do corpo de Orfeu e os enterraram em Limetra, onde, segundo se diz, o rouxinol canta sobre seu túmulo mais suavemente que em qualquer outra parte da Grécia. A lira foi colocada por Zeus entre as estrêlas. A sombra do vate entrou, pela segunda vez, no Tártaro, onde procurou sua Eurídice e a tomou, freneticamente, nos braços. Os dois passearam pelos campos venturosos, juntos agora, indo ele, às vezes, na frente, às vezes ela, e Orfeu a contemplava tanto quanto queria, sem ser castigado por um olhar descuidado.
"Muito cedo, porém, volve os olhos Orfeu
E de novo ela cai, e de novo morreu!
Como conseguirá as três Parcas domar?
Crime não houve teu, se não é crime amar.
E, agora, debruçado sobre os montes,
Junto à água das fontes
Ou onde o Hebro abre seu caminho
Orfeu chora sozinho
E, em luto e pranto, invoca a alma querida,
Para sempre perdida!
Agora, todo em fogo, clama, ardente,
Sobre a neve do Ródope imponente,
E ei-lo, furioso como o vento, voa
E, em torno, o ardor da bacanal ressoa.
Está morrendo, vede, e a amada canta,
Seu nome vem-lhe aos lábios, à garganta,
"Eurídice", a palavra derradeira.
"Eurídice", dizem as matas,
"Eurídice", as cascatas,
Repete o nome a natureza inteira."
AFRODITE
A chuva havia cessado e um clarão escarlate irrompia do Monte Olimpo espalhando-se pelas fachadas das casas caiadas de branco da cidade de Olímpia que, em festa, rendia tributos ao supremo deus dos deuses: Zeus. Dionísio, também, era reverenciado nas casas, através dos tonéis de vinho e nas alcovas e tendas dos amantes insaciáveis. Musas de cabelos encaracolados, de peles alvas e seios fartos imitavam as ninfas das florestas cobertas apenas com nesgas de seda que desciam do pescoço e se enrolavam nas nádegas carnudas. Jovens guerreiros, másculos e orgulhosos, se misturavam nas tendas coloridas sob os olhares sedentos das belas jovens.
Quando a noite chegou as tochas foram acesas emprestando tons mais fortes àqueles viventes e uma orgia, mesclada de vinho e incenso, se espalhou por toda a cidade: sem pudor, as jovens virgens se entregavam aos poderosos guerreiros que as carregavam nos braços para uma tenda e, selvagens, seguravam seus seios, arrancavam-lhes beijos ardentes e as possuíam pelo tempo que as forças lhes permitiam.
Zeus, do Olimpo, a tudo assistia ao lado de Hera, e a todo tempo mostrava a Dionísio que ele também era responsável por toda aquela orgia. Dionísio, com um sorriso zombeteiro, apenas dizia: “Os mortais, nesse instante de prazer, sentem-se deuses. Deixem-nos”. Zeus, contudo, estava abatido: Afrodite, a deusa do amor, a mais bela entre todas as deusas e mortais, desobedecia-o. Entregara-a para o mais infeliz de seus filhos – Hefesto – que nascera coxo, mas tornara-se um artista. Afrodite aceitou a imposição e casou-se com Hefesto, mas traia-o com Ares, o Deus da Guerra, o seu grande amor.
Nos corredores do palácio real Afrodite caminhava devagar, espalhando perfume de flores por onde passava. Seus cabelos loiros, sua pele alva e seus olhos azuis brilhavam e extasiavam os jovens deuses e causava fúria e inveja nas outras deusas, principalmente em Eris, a deusa da discórdia - que sabia que Afrodite era filha de Zeus com Perséfone, a deusa das flores.
Mais uma vez Afrodite deixou seu palácio e dirigiu-se para os braços de Ares que a esperava no leito. Mais uma vez Ares sentiu o corpo todo estremecer diante da estonteante mulher se despindo diante dele – tudo nela era perfeito e sua pele reluzia rija de desejo.
Enquanto isso, Eris incutia na mente de Hera que uma desgraça adviria daquele amor proibido se Zeus não o impedisse de continuar, pois Hefesto, filho legítimo de Zeus, já não era mais capaz de ser um grande artista. Hera exigiu de Zeus que terminasse com o amor de Afrodite e Ares, pela paz do Olimpo e da terra, ou ela convenceria Plutão, o deus da morte, a enviar uma praga que acometeria todos os mortais. Zeus suspirou e, não querendo discórdia com a esposa, dirigiu-se para o palácio de Ares e encontrou os dois amantes se deleitando sobre o leito em beijos apaixonados. Ordenou-lhes que se separassem daquele dia em diante e que Afrodite fosse plenamente fiel a Hefesto. Completamente nua ela se levantou e, em silêncio, deixou o aposento. Naquele mesmo dia ela anunciou a Hefesto que descansaria na Ilha de Chipre. Colocou sua túnica branca, seu cinto de ouro e partiu.
Na terra ganhou forma humana, enlouqueceu muitos homens e incutiu nas mentes de todos os mortais que o amor não é apenas encanto, devoção e prazer, mas crueldade, vingança e ciúme. Enquanto chorava o amor perdido, Afrodite banhava-se nas águas do lago, e da sua essência nasceu uma linda ave de pescoço longo e olhar lânguido aque os homens batizaram de cisne; e nas suas margens brotaram esplêndidas flores brancas, rosas, vermelhas e amarelas que foram batizadas de rosas e mirtos.
Ares, contudo, inconformado com a imposição de Zeus, desceu a terra e foi à procura da sua amada, encontrando-a nua e reluzente a banhar-se no lago. A saudade de ambos era tamanha que não proferiram palavras, apenas se entregaram à volúpia e os seus gemidos foram ouvidos por toda a terra e no Olimpo. Eris, que vigiava os passos de Ares, correu a contar para Zeus a desobediência dos amantes. Zeus, furioso, enviou um raio à terra que estremeceu os mares e as montanhas. Deixou o Olimpo, foi ao encontro dos amantes, achando-os sobre a relva macia de um bosque, e sentenciou: “deste instante e para sempre vocês estarão separados, ficarão no firmamento a olhar um para o outro, brilhando para os mortais”.
Assim, a primeira estrela a reluzir prateada no céu é Afrodite – que os romanos batizaram de Vênus - e, logo depois, deslumbrado com a sua beleza, surge o brilho vermelho de Ares – que os romanos batizaram de Marte – Os dois amantes condenados pela eternidade a se admirarem, distantes e infelizes.
O MITO DE NARCISO
Narciso nasceu possuidor de uma beleza excepcional. Na cultura grega, assim como em tantas outras, tudo o que excede, isto é, que ultrapassa os limites da média, acaba se tornando assustador, porque pode arrastar o indivíduo para a "hýbris", que para os gregos é o descomedimento, muito distante do "métron", o equilíbrio.
A mãe de Narciso, chamada Liríope, era uma náiade ou ninfa que habita rios e riachos. Foi ela à procura de Tirésias, um cego adivinho que possuía a arte da "mantéia", ou seja, a capacidade de ver o futuro. Ela perguntou se Narciso viveria até ficar velho, ao que o sábio respondeu: "Se ele não se vir…". O pai de Narciso era o rio Cefiso (Képhisos, o que banha, inunda). Assim, embora mortal, Narciso era um ser proveniente das águas por parte de pai e de mãe.
Conforme sua mãe temera, Narciso foi assediado por todas as ninfas e mortais que o viram. Mal ele crescera e havia uma profusão de mulheres apaixonadas por ele, deslumbradas com a sua beleza extasiante. Porém, não se sabia exatatamente o porquê, ele nada queria saber delas. Talvez não se sentisse ainda pronto para um relacionamento, ou, talvez, de tanto ouvir louvarem sua beleza, ficou orgulhoso e passou a desprezar as mulheres que o procuravam.
Havia uma ninfa que tinha uma história muito infeliz. Seu nome era Eco, e muito antes de ver Narciso e se apaixonar por ele, era uma moça falante — ela simplesmente falava sem parar. Zeus, o pai dos deuses gregos, sempre buscando um modo de enganar a sua esposa Hera, para que pudesse se deitar com qualquer ninfa ou mortal que lhe chamasse a atenção, mandou que Eco fizesse companhia a Hera e, assim, a distraísse. Passado algum tempo Hera percebeu a artimanha, e, como era seu costume, vingou-se na pobre ninfa, em vez de amaldiçoar seu marido, que afinal era o autor da malandragem. Hera fez com que Eco nunca mais conseguisse articular uma só frase; ela só podia repetir as últimas palavras de qualquer frase que ouvisse.
Aconteceu que, quando Eco já estava apaixonada por Narciso, ela o seguiu a uma caçada onde, por infelicidade, ele se perdeu dos amigos e começou a gritar à procura: "Ninguém me escuta?" “Escuta”, repetiu Eco. Ele porém não a via, pois ela se escondera com vergonha de tê-lo seguido. Então ele gritou aos amigos, pensando terem sido eles que responderam: "Vamos nos juntar aqui…". E Eco respondeu: “Vamos nos juntar aqui…”. E perdendo a timidez, apareceu de braços abertos para ele. Ele, contudo, a repeliu, dizendo que preferiria a morte a ficar com ela. Eco ficou tão triste e deprimida com a recusa que deixou de se alimentar e foi definhando até se transformar em um rochedo. Apenas sua voz permaneceu, e da mesma maneira que estava após a maldição de Hera: só repetia as últimas palavras do que era dito perto dela.
Então, houve uma revolta das ninfas, que foram procurar Nêmesis, a deusa da Justiça. Esta, depois de ouvir suas queixas, julgou que Narciso merecia o castigo de ter um amor impossível. Ignorando o castigo a que estava submetido, e com sede depois de outra caçada, Narciso se aproximou de um lago tão calmo e tão límpido que, ao curvar-se sobre as águas para beber, se deparou com sua imagem refletida e ficou pasmo diante de tanta beleza. O rosto que via parecia talhado em mármore e assemelhava-se à escultura de um deus. O pescoço esguio parecia trabalhado em marfim. A princípio não teria se dado conta de que aquela era a sua própria imagem. Nunca tinha se visto, como poderia se "re-conhecer" de imediato? Mas tão apaixonado ficou que tentou tocar aquele rosto, fosse de quem fosse e, qual não foi sua surpresa quando percebeu que seus movimentos se repetiam também nas águas! Só então concluiu que aquele era o seu rosto, tão maravilhoso que não conseguiu mais tirar os olhos de seu reflexo. Narciso morreu ali mesmo, de inanição, sem conseguir afastar os olhos da própria imagem. Quando, depois de sua morte, amigos foram procurá-lo, só encontraram à beira do lago uma flor de pétalas brancas e miolo amarelo, muito delicada, de rara beleza e de um perfume inebriante, a qual deram o nome de narciso.
Depois, ficou-se sabendo que, até no Hades (mundo subterrâneo para onde vão as almas dos mortos), ainda hoje ele procura ver seu reflexo nas escuras águas do rio Estige.
O que é Mitologia
Na Antigüidade o Ser Humano não conseguia explicar a Natureza e os fenômenos naturais (e parece-me que ainda hoje não compreende nem consegue explicá-los da mesma forma). Então, dava nomes ao que não podia explicar e passava a considerar os fenômenos como "deuses". O trovão inspirava um deus, a chuva outro. O céu era um deus pai e a terra, uma deusa mãe e os demais seres, seus filhos. Criava, a partir do Inconsciente, histórias e aventuras que explicavam de forma poética e profunda o mundo que o rodeava. Estas "histórias divinas" eram passadas de geração para geração e adquiriam um aspecto religioso, tornando-se mitos ao assumirem um caráter atemporal e eterno, por dizerem respeito aos conflitos e anseios de qualquer Ser Humano de qualquer tempo ou local. Estes núcleos arquitípicos mitológicos recebem o nome de "mitologemas". A um conjunto de mitologemas de mesma origem histórica, dá-se o nome de "mitologia". Aos mitos se uniam ritos que renovavam os chamados "mistérios". O rito torna ato (atualizam) um mito que se faz representar (atuar) em seu simbolismo encarnado nos "mistérios". Ao conjunto de ritos e símbolos que cercam um mitologema dá-se o nome de "ritual". Ao conjunto de rituais e mitos com origem histórica comum dá-se o nome de "religião". À religião sempre se unem preceitos ético-morais chamados "doutrinas religiosas", compostas por proibições a ("tabus") e ídolos ('totens"). Assim nasceram os deuses.
Todos os povos da terra, seja em localização no tempo e no espaço estiverem, todos sempre tiveram uma religião, composta de diversos ritos e mitos. Parece que a religião é uma necessidade imperiosa do Ser Humano e, em culturas em que a religião e suas manifestações estão proibidas ou desuso (como no comunismo, por exemplo) observa-se sempre a "eleição" inconsciente de "deuses" extra-oficiais que, num processo idólatra, procuram preencher as lacunas deixadas pela tradição religiosa. Na atualidade, o afastamento de nossa sociedade das tradições religiosas está gerando um duplo fenômeno idólatra: a iconificação de figuras tais como cantores e atores famosos e o fanatismo religioso em seitas e pequenas igrejas. Definitivamente não se pode viver sem ídolo, sem uma religião e sem seus mitos e ritos.
Todos os povos da terra, seja em localização no tempo e no espaço estiverem, todos sempre tiveram uma religião, composta de diversos ritos e mitos. Parece que a religião é uma necessidade imperiosa do Ser Humano e, em culturas em que a religião e suas manifestações estão proibidas ou desuso (como no comunismo, por exemplo) observa-se sempre a "eleição" inconsciente de "deuses" extra-oficiais que, num processo idólatra, procuram preencher as lacunas deixadas pela tradição religiosa. Na atualidade, o afastamento de nossa sociedade das tradições religiosas está gerando um duplo fenômeno idólatra: a iconificação de figuras tais como cantores e atores famosos e o fanatismo religioso em seitas e pequenas igrejas. Definitivamente não se pode viver sem ídolo, sem uma religião e sem seus mitos e ritos.
Porque Mitologia Grega
Há dois principais motivos que fazem da Mitologia grega a mais estudada das mitologias: sua racionalidade e sua importância histórica como base da Civilização Ocidental. Diz-se que os gregos antigos possuíam um "gênio racional", uma mente lógica por excelência. Esta "mete lógica"adaptou os mitos pré-existentes às necessidades da razão. Assim, absurdos foram corrigidos e coerência foi imprimida à Mitologia. Por exemplo, as religiões persas acreditavam que o Universo era fruto da guerra do Bem contra o Mal, da guerra dos seres da Luz contra os seres das Trevas e que a vitória daquela sobre estas dependia diretamente da execução de determinados rituais. Isso na prática quer dizer que os persas acreditavam que se sacrifícios não fossem feitos, haveria o sério risco do Sol não voltar a nascer pela manhã e de que as Trevas Eternas se abatessem sobre o planeta. Os gregos jamais se permitiriam aceitar tamanha ilogicidade e se viram obrigados a criar uma visão de mundo cujas leis fossem estáveis e confiáveis. Era evidente para o "gênio racional" grego que o Sol nasce a partir de uma força intrínseca a ele e ao Universo e não na dependência das ações humanas. Apareceram então os conceitos de "Ordem do Mundo" (Kosmos) e de "Natureza" (Physis), que os afastou das "trevas" da incerteza e da ignorância. O "Chaos" cedeu lugar ao "Kosmos" e nele reina necessariamente uma natureza lógica, previsível e estável. Apesar de ainda existirem inúmeras religiões, inclusive o Judaísmo e o Cristianismo, que se baseiam nas noções persas de um universo caótico na dependência dos atos humanos, foi dos conceitos de Kosmos e de Physis que surgiu a cultura ocidental, a Filosofia e a Ciência.
A Laicização da Mitologia Grega
Com o passar do tempo, a racionalidade grega foi superando a noção de religião e tornando-se de sacra em laica. Pela primeira vez na História apareceu na Grécia Antiga, na região da Jônia (atual Turquia) um pensamento laico puramente lógico e desvinculado totalmente da idéia do sagrado. Estes primeiros filósofos jônicos (pré-socráticos) nada mais fizeram do que transpor ipsis literi a Mitologia Grega em Filosofia. Mais tarde Aristóteles em Atenas explicaria a gênese do pensamento filosófico da mesma maneira como se explica a gênese do pensamento mitológico: "é através do espanto que os homens começam a filosofar". Os filósofos sempre tentaram explicar a Natureza e seus fenômenos, caindo inevitavelmente em contradições e as de seus companheiros de profissão. A Filosofia expandiu e acabou englobando áreas para muito além da descrição da Natureza e seus fenômenos, incluindo em si o estudo do Ser Humano e todos os fenômenos relacionados a ele e ao seu pensamento. No entanto, as contradições entre os filósofos continuariam a afligir o espírito humano por séculos, quer em relação aos métodos, quer em relação às teorias, quer em relação aos fenômenos. A Filosofia incumbiu-se finalmente de "assassinar" os deuses de onde havia nascido, afirmando que os deuses não passavam de alegorias místicas para as forças da Natureza que requeriam uma explicação lógica e jamais religiosa. Se os deuses existissem, eles seriam, tal qual os mortais, constituídos por átomos e submetidos às implacáveis e imutáveis leis naturais.
No Renascimento, Galileu Galilei foi o primeiro a levantar a necessidade de que se provassem as teorias filosóficas através da experimentação. A Filosofia então passaria lentamente a tornar-se obsoleta e cederia seu lugar à Ciência. René Descartes rompe com o passado e inaugura sua visão de mundo em que as tradições filosóficas já não mais queriam dizer nada. O Ser Humano passou a procurar desesperadamente provas concretas e experienciáveis (reprodutíveis) de que suas teorias são de fato. Nasceu o Método Científico e com ele um importante passo em direção à laicização do pensamento foi dado. Atualmente a Ciência é bastante confiável e goza de largo crédito junto ao público especializado e leigo, ao passo que as explicações filosóficas estão, digamos, um tanto "fora de moda". Quando se diz hoje em dia que algo é "científico", a maior parte das pessoas entende de que se trata da mais pura e irrefutável verdade, quando, de fato, deveria entender de que se trata de um resultado obtido através do Método Científico, ou seja: da tentativa e erro e da experimentação. Se já existem "narizes torcidos" para as idéias filosóficas quando confrontadas às idéias científicas, as idéias mitológicas como explicações para os fenômenos naturais estão totalmente fora de cogitação hoje em dia e beiram o absurdo. A laicização do pensamento é tal que há quem diga que os mito formam um conjunto que deveria receber o nome de "MINTOlogia"(!).
No Renascimento, Galileu Galilei foi o primeiro a levantar a necessidade de que se provassem as teorias filosóficas através da experimentação. A Filosofia então passaria lentamente a tornar-se obsoleta e cederia seu lugar à Ciência. René Descartes rompe com o passado e inaugura sua visão de mundo em que as tradições filosóficas já não mais queriam dizer nada. O Ser Humano passou a procurar desesperadamente provas concretas e experienciáveis (reprodutíveis) de que suas teorias são de fato. Nasceu o Método Científico e com ele um importante passo em direção à laicização do pensamento foi dado. Atualmente a Ciência é bastante confiável e goza de largo crédito junto ao público especializado e leigo, ao passo que as explicações filosóficas estão, digamos, um tanto "fora de moda". Quando se diz hoje em dia que algo é "científico", a maior parte das pessoas entende de que se trata da mais pura e irrefutável verdade, quando, de fato, deveria entender de que se trata de um resultado obtido através do Método Científico, ou seja: da tentativa e erro e da experimentação. Se já existem "narizes torcidos" para as idéias filosóficas quando confrontadas às idéias científicas, as idéias mitológicas como explicações para os fenômenos naturais estão totalmente fora de cogitação hoje em dia e beiram o absurdo. A laicização do pensamento é tal que há quem diga que os mito formam um conjunto que deveria receber o nome de "MINTOlogia"(!).
O Resgate da Mitologia
Existe uma espécie de preconceito generalizado contra os pensamentos não-científicos, especialmente contra os métodos filosóficos especulativos e o pensamento mítico.Porém, o estudo da Mitologia não pode ser visto com um interesse meramente histórico. A Mitologia Grega é a base do pensamento ocidental e guarda em si a chave para o entendimento de nosso mundo, de nossa mente analítica e de nossa psicologia. Ao se comparar a Mitologia Grega com as demais mitologias (africanas, indígenas, pré-colombianas, orientais, etc) descobre-se que há entre todas elas um denominador comum. Algumas vezes estaremos frente aos exatos mesmos deuses, apenas com nomes diferentes, sem que exista nenhuma relação histórica entre eles. Este material comum a todas as mitologias foi descoberto pelo psiquiatra suíço Carl Gustav Jung e foi por ele denominado de "Inconsciente Coletivo". O estudo deste material revela-nos a mente humana e seus meandros multifacetados. Como foi dito, os mitos são atemporais e eternos e estão presentes na vida de cada Ser Humano, não importa em que tempo ou em que local.
O estudo da Mitologia torna-se então essencial a todo aquele que pretende entender profundamente o Ser Humano e sua maneira de ver o mundo. Os deuses tornam-se forças primordiais da natureza psíquica humana e readquirem vida e poder. Nota-se a sua utilização no cotidiano em cada pequeno detalhe. A existência real dos deuses mitológicos antigos em todas as suas roupagens étnicas reafirma em última instância a idéia de divindade em si: através dos deuses encontra-se a "idéia de Deus" e, através dela, Deus em toda sua misteriosa ambigüidade. A Mitologia transfere o conhecimento humano de um plano meramente materialista (científico) para um plano psíquico vivo (Inconsciente Coletivo) e deste, para um derradeiro plano espiritual. O desafio está em realizar a verdadeira "religião" (religação) do mundo externo ao mundo interno, do concreto ao abstrato, do material ao espiritual, do mortal ao imortal e eterno.
O estudo da Mitologia torna-se então essencial a todo aquele que pretende entender profundamente o Ser Humano e sua maneira de ver o mundo. Os deuses tornam-se forças primordiais da natureza psíquica humana e readquirem vida e poder. Nota-se a sua utilização no cotidiano em cada pequeno detalhe. A existência real dos deuses mitológicos antigos em todas as suas roupagens étnicas reafirma em última instância a idéia de divindade em si: através dos deuses encontra-se a "idéia de Deus" e, através dela, Deus em toda sua misteriosa ambigüidade. A Mitologia transfere o conhecimento humano de um plano meramente materialista (científico) para um plano psíquico vivo (Inconsciente Coletivo) e deste, para um derradeiro plano espiritual. O desafio está em realizar a verdadeira "religião" (religação) do mundo externo ao mundo interno, do concreto ao abstrato, do material ao espiritual, do mortal ao imortal e eterno.
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